quarta-feira, 23 de julho de 2014

Represa de Guarapiranga

Neste domingo fui até a ciclovia da Av. Atlântica, que margeia a represa de Guarapiranga. Para isso, parti do Parque do Povo via marginal (claro, pela ciclovia), fui até a ponte João Dias, de onde começa a ciclovia da Bayer e segui por ela até o final, na ponte do Socorro. De lá, peguei a Av. Atlântica e fui embora.
Projeto Pomar - Ciclovia Marginal Pinheiros. Ao fundo o Credicard Hall.

Grande parte do trecho é plano, o que torna o passeio muito gostoso. Peguei a ciclovia do Parque da Barragem e fui até o final, caindo em um bairro humilde. Depois de alguns quarteirões, encontrei novamente a Av. Atlâtica e segui mais um pouco até reencontrar a ciclovia certa.
Fiz esta foto da ciclovia, mas mais à frente tem um parque que podia entrar e fazer fotos melhores. Vacilei!
Subida longa mas sossegada

SP inteira poderia ser assim.
Depois do autódromo, chega-se ao rio de novo.

Adorava quando o Spectreman lutava com monstros e caía nestas torres!
Ponte Jurubatuba

Usina Elevatória de Pedreira
Voltando pra casa.
Pedalei alguns kilômetros até chegar na ciclofaixa, seguindo por ela morro acima. A primeira subida é por uma rua arborizada e muito agradável de se pedalar, o que faz o esforço ser recompensado. No final desta rua chega-se no autódromo e a ciclofaixa segue por uma avenida para dar a volta no entorno, terminando em ruas tranquilas no final. Terminada a volta por fora do autódromo, há uma descidona que sai na margem do rio Pinheiros novamente, já na ponte Jurubatuba. Foi atravessar a ponte e cair no início da ciclovia da Marginal.

Neste dia resolvi voltar de trem pra casa, embarcando na estação Jurubatuba. Me arrependi, pois fiquei 40 minutos esperando o trem passar. Vergonhoso, pois havia um movimento enorme de pessoas e com a demora, o trem foi lotado. Fui lá, entre pessoas e outros ciclistas. Sofri com demora no metrô também, um descaso. Parece que eles gostam de trens e estações lotadas, parece uma punição. Se tivesse mais trens, seria uma maravilha.

Mas apesar do stress do nosso transporte sobre trilhos, foi um domingo bastante agradável. Friozinho moderado com o sol aparecendo às vezes para esquentar. Demorei uma eternidade pra chegar em casa só porque resolvi parar de pedalar e confiar na CPTM e no Metrô. Mas o passeio valeu, conheci novas ciclovias e já pensando nas próximas.

Cicloabraços!

Domingo, 20 de Julho de 2014
Km pedalados: 35km
Tempo: 3:30h

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Fernando Haddad: Um desenho para S. Paulo

Copio aqui o texto de autoria do Prefeito Fernando Haddad na Folha de S. Paulo. Partidarismos à parte, tenho gostado de sua atuação na administração da cidade, bem mais aberto ao diálogo que seu antecessor, que pensava estar nos anos 70. Leiam e tirem suas conclusões.

São Paulo aprovou o mais ousado e inovador Plano Diretor Estratégico (PDE) de sua história. Pelos próximos 16 anos, conviveremos com diretrizes urbanísticas que reorientam o desenvolvimento da cidade na direção do equilíbrio socioambiental e econômico.

Desde o Renascimento, as cidades ocidentais bem-sucedidas se organizam pelo alargamento da sua dimensão pública. O encontro das pessoas para a produção de mercadorias e serviços, de cultura ou de ciência, essência da vida urbana, depende disso. Na contramão, desde Prestes Maia, a cidade de São Paulo vem sendo privatizada, ou seja, negada enquanto cidade.

A começar por sua superfície. O solo de São Paulo é privado. As ruas pertencem aos carros. As calçadas são adaptadas para que automóveis tenham acesso às garagens. Os térreos dos prédios são vestíbulos desérticos que separam os moradores das ruas ameaçadoras.

A terra nua não dá lugar a parques ou equipamentos públicos, mas é tratada como estoque especulativo de riqueza.

Tudo muda com o PDE. O solo é tornado público. As ruas dão lugar ao transporte público e às bikes por meio de faixas exclusivas e ciclovias. As calçadas terão largura mínima nos novos empreendimentos para atender aos pedestres. Os térreos ganharão vida com a ativação das fachadas e comércio de rua.
O subsolo muda com a inversão de prioridades: em vez de número mínimo de vagas de garagens, o PDE impõe número máximo.

O sobressolo; ou solo criado é integralmente municipalizado. Os proprietários fundiários terão direito a construir o equivalente a apenas uma vez a área do terreno.

Para atingir o potencial construtivo máximo de duas vezes no miolo dos bairros (que são preservados), ou quatro vezes nos eixos de transporte público (que são adensados), os empreendedores terão de adquirir esse potencial adicional mediante o pagamento de outorga à municipalidade. Com isso, a especulação imobiliária perde sentido, e a cidade se apropria da chamada mais-valia fundiária.

A outorga paga compõe um fundo de desenvolvimento urbano. De seus recursos, 30% serão destinados à moradia popular e outros 30% ao transporte público, mediante ampliação da capacidade de suporte.

A área destinada à produção de moradia popular é duplicada, com a demarcação de novas Zonas de Interesse Social (Zeis), e são definidos alinhamentos viários que garantam recuos destinados ao transporte público, ciclovias e calçadas largas.

Como o adensamento é induzido a deixar o miolo dos bairros para os eixos estruturantes, as avenidas radiais ganham nova função. Passam a ser vetores de deslocamento do desenvolvimento no sentido centro-bairro(s). A geração de empregos e oportunidades econômicas assumirão uma distribuição mais linear e centrífuga, rompendo os muros que separam centro e periferia. Avenidas perimetrais como Jacu-Pêssego e Cupecê ganharão importância.

O mercado imobiliário, que sempre elegeu o bairro da vez, com as consequências conhecidas, é chamado a participar de um processo em que a vez é da cidade. A visão de empreendimento privado como enclave dará lugar à produção de vida urbana com equilíbrio econômico e socioambiental.

Por fim e não menos importante: os rios. O PDE se reapropria das margens dos rios e define o conjunto de arcos que dará lugar a uma nova São Paulo: os arcos Tiête, Pinheiros, Jurubatuba e Tamanduateí.

É no Arco do Futuro que ocorrerá a maior transformação de São Paulo. Delineá-la é a próxima tarefa. As diretrizes estão dadas.

FERNANDO HADDAD, 51, advogado, mestre em economia, doutor em filosofia e professor licenciado da USP, é prefeito de São Paulo pelo PT. Foi ministro da Educação (governos Lula e Dilma Rousseff)