segunda-feira, 2 de maio de 2022

Miguel, meu companheiro de aventuras.

Olá!


Eu demoro para atualizar meu blog querido, eu sei. Mas deixar de pedalar? NUNCA! 


Aliás, depois de um longo período de medo e negação, finalmente meu filho tomou coragem de subir na garupinha e passear de bicicleta comigo. Agora o difícil é tirar ele de lá!


Pensem na alegria de numa criança que vai e volta da escolinha quase todo dia de bicicleta? Quando é dia de terapia, ele chega de carro mas na hora de ir embora nós voltamos de bicicleta!


Foi uma jornada longa, até ele montar na garupa.


Eu comprei a cadeirinha fazem seis meses, e ele demorou todo esse tempo para perder o medo. Cheguei a desmontar ela da bicicleta e deixá-la junto dos brinquedos dele. Perto de esquecer. Mas tudo tem o seu tempo, sua maturação. E com meu filho não foi diferente.



Há um mês, estávamos sozinhos em casa, brincando no sofá e falando sobre passear. Então falei sobre passear de bicicleta, já esperando aquele “não” que ele sempre evoca quando toco nesse assunto.


Mas desta vez foi diferente, ele repetiu o que eu havia dito, em tom de interesse:


“- passear de bicicleta?” 


E eu respondi: “- Isso, passear de bicicleta na cadeirinha!”


Eis que ele fala que quer passear de bicicleta na cadeirinha. Uau! Eu corri como louco pra instalar ela no bagageiro novamente, antes que a vontade dele passasse. Eu todo esperançoso, apertando parafusos com o máximo de cuidado e pressa que minha mente conseguia administrar! Dez minutos depois, bicicleta pronta.


Pego meu filho no colo, com medo dele se assustar como nas outras vezes. Só que desta vez foi diferente: ele sentou e sorriu. Eu prendi os pés dele e apertei o cinto. Todo lindo! Só que eu ainda estava no apartamento, ou seja, teria que tirar ele da bicicleta, descer um lance de escadas e embarcar o baixinho lá na calçada.


Mas meu medo dele não querer subir de novo fez com que eu descesse a bicicleta com ele na cadeirinha. Fui segurando com todo o cuidado e felicidade. E ele estava adorando aquilo. Ao chegar na calçada, o Miguel já parecia dono da bicicleta, todo seguro de si. Enfim, eu monto no selim e passo a pedalar. 


Foi muito emocionante. Até chorei, em certo momento. Como ele não tinha capacete ainda, a gente fez um percurso pequeno, só pelo quarteirão. Ele ficou em silêncio total, absorvendo toda aquela informação nova, aquele novo modo de deslocamento e de ver o mundo. Nasceu um ciclista.


A cada volta dada eu perguntava se ele queria ir pra casa, mas ele dizia “- quero passear mais” 


Terminou que ficamos quase uma hora dando voltas no quarteirão. No dia seguinte, já segunda feira, tratei de comprar o capacete dele e a partir daí, passamos a pedalar todos os dias e até a ir para longe! 


Para mim isso foi uma vitória pessoal. Para quem não sabe, meu filho é autista. Toda experiência nova é um desafio maior, uma jornada. E vejo que cumprimos mais uma ao fazer ele subir na garupinha. 


Ele tem sua bicicletinha, aquelas de equilíbrio que não possui pedais. Ele sempre está montado nela, andando pela casa ou nas calçadas e parques da cidade. Mas ele também gosta de ser meu garupinha, de rodar na ciclofaixa de lazer, de ir e voltar da escolinha. Sempre brincando, cantando e falando “-oi” pra todos na ciclovia. É a hora mais legal do dia. É a hora de celebrar uma conquista.


E conquistas são muito boas.