quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

2021, um ano que... passou

Olá, leitor!

Mais um ano acaba, novas expectativas são criadas, mais reflexões surgem. Olhando para tudo o que passou, não sei se fico aliviado ou atordoado. Que ano! Independente dos sentimentos que me farão lembrar de 2021, um deles se destaca: a gratidão.


Grato principalmente pela vida que me preenche. Mas sensibilizado pelo fantasmagórico número de 600 mil mortos, alguns próximos que doeram muito em toda a família. Outros bateram na trave, foi assustador. Entre toda a angústia e o medo dessa doença atingir nossos entes queridos, sinto-me abençoado por minha mãe ter conseguido se vacinar. Até filmei o momento, foi um dos maiores alívios que Deus me proporcionou nos últimos anos. Ao longo dos meses minha esposa e eu conseguimos nossas vacinas. Depois de mais de 18 meses, finalmente dei um abraço em minha mãe novamente.


Meu filho, que em janeiro basicamente só urrava, termina o ano falando e impressionando. A minha esposa se esforçou muito para conseguir que o convênio bancasse a terapia ABA, que tanto faz a diferença para crianças autistas. Há um ano ele sequer olhava para outras crianças, ignorava completamente. Hoje tem amiguinhos, repete o nome de alguns e até brinca. Há um longo caminho ainda, ele é extremamente disperso e hiperativo, mas ele poderá viver plenamente este mundo. Mais uma gratidão.


Na bicicleta, foi um ano bem pedalado. Refiz alguns caminhos, repeti outros e, quando o corpo deu sinais de problemas (em breve escreverei sobre isso), entrei para o time dos ‘ciclistas elétricos’ e passei a ir mais longe. E mesmo eu tendo diminuído a frequência de pedaladas por conta de tempo, consegui rodar 2.400 quilômetros e cheguei a emagrecer 5 kg!


Meu corpo cobrou sua conta este ano. Pandemia, perdas, angústia, stress no trabalho e home office, me trouxeram miopia e hipertensão. Entrei para o time dos usuários de óculos e também para o time dos usuários de medicamentos de uso contínuo. Vamos em frente, em Janeiro eu faço 45 e não estou nem na metade do caminho!


No último trimestre perdemos nossa cachorrinha de 12 anos. Começou o ano forte e feliz, daí desenvolveu um câncer no joelho. Tivemos que amputar a perna dela, mas foi tarde demais. Meses depois o câncer já tinha atingido os rins e ela parou de se alimentar. Aquele momento horrível da decisão da eutanásia. Horrível, horrível. Até a próxima, Suzy.


Eu olho para tudo o que a vida me proporcionou este ano, sejam experiências boas ou não, e por mais que tenhamos a infeliz tendência do pessimismo, eu consigo enxergar dar cores em todos os momentos. Nas tristes perdas, reforçamos os laços dos que ficaram. Nas conquistas, aproveitamos e curtimos cada momento. Nos perrengues, buscamos nos superar e seguir em frente. Até nos momentos em que jogamos a toalha ou falhamos miseravelmente, temos que aprender a digerir, engolir seco e tentar tirar um aprendizado. Não que eu tenha conseguido, mas estou tentando.


Espero que 2022 eu possa pedalar mais, que o ano vindouro possua mais esperança, que a terra volte a ser redonda. Que eu pedale mais, que minha família fique bem, que minha mãe viva muito e feliz, que meu filho continue seu desenvolvimento e nos impressionando, que meu trabalho continue provendo, e que você também possa encontrar bons caminhos.


Feliz Ano Novo!

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

E-bike e minha real retomada do ciclismo saudável

Foi no Carnaval de 2013 que eu redescobri a bicicleta. Passei a usá-la quase que diariamente até meu casamento em julho de 2015, quando fui morar em outra cidade da Grande São Paulo e meu modal de transporte passou a ser a motocicleta.

Em 2018, depois de muitas reviravoltas, voltei para a Capital com minha esposa grávida. Meu filho nasceu aqui no mesmo ano. Voltando pra cá, adquiri uma bicicleta e comecei meu retorno ao pedal. Tinha que recuperar os Kg’s adquiridos nesse período.


Passei muita dificuldade, mesmo controlando alimentação e pedalando com frequência. Pedaladas que eram tranquilas para mim viraram pequenos desafios. Mas eu não desisto fácil.


Ano passado, com a pandemia, meu ritmo diminuiu muito. Treinei, insisti, quebrei, insisti novamente… tive que aceitar que, por algum motivo, pedalar mais que 5 ou 10 km’s por dia para mim já não é tão fácil como há oito anos. Cada pedalada que dou, são 3 dias de recuperação.


O fator psicológico também tem seu peso, pois ano passado foi um ano complicado para nós, além da angústia por conta do medo desse vírus maldito. Fiquei muito desmotivado com a bicicleta e, de agosto até o fim do ano, só pedalei uma vez e foi horrível, só pensava na dor muscular que eu iria ter. É horrível querer pedalar e não conseguir. Eu adoro ir pra longe, não apenas para o parque. Cruzar a cidade, ver outros bairros, outras pessoas… mesmo confinado em minha cidade, pedalar é uma terapia maravilhosa. 


Então resolvi adquirir uma bicicleta elétrica. 


Minha teoria (que graças à Deus estava correta) era sair para pedalar usando o mínimo de assistência possível. Eu teria menos esforço a cada giro e poderia manter um ritmo aeróbico, que me traria condicionamento. Quando chegasse uma subida forte, eu aumentaria a ajuda e seguiria em frente, sem quebrar meus músculos. De quebra, conseguiria pedalar pela cidade como sempre gostei e ainda, quem sabe, ganhar disposição física. Na pior das hipóteses, eu estaria aliviando a mente com minhas pedaladas que tanto gosto. Tudo para dar certo.


Economias, enxugada de gastos, planejamento…  consegui depois de um tempo juntar um dinheirinho para uma boa entrada e o resto do valor parcelaria no cartão. Fevereiro de 2021 começava e eu chegava em casa com uma linda Oggi E-500. 



Eu nunca tinha comprado uma bicicleta zero km na vida, sempre montei ou adquiri bicicletas usadas. Esse lance de ser tudo novo, cabelinho no pneu, película no display… sim eu merecia esse presente.


A bicicleta é incrível! Leve e discreta, ela nem parece se tratar de um modelo elétrico, pois sua bateria fica dentro do quadro. Quadro este, aliás, que é muito de meu agrado por possuir uma estética "à moda antiga", ou seja, seu toptube é plano e diferente dos quadros mais modernos, onde o mesmo sempre é rebaixado, exigindo canotes mais compridos. Para eu que sou mais pesado, é o ideal. Um canote mais longo para fora do quadro gera um efeito "alavanca" maior, ou seja, ele aplica muita pressão no seat tube.


Enfim, é uma bicicleta com uma cara noventista, apesar de seus grafismos contemporâneos. Ainda bem, pois o melhor da fase estética atual é o minimalismo das pinturas. Os grafismos dos anos 2000 eram horríveis 😂😂😂


A bicicleta possui 5 níveis de assistência para o auxílio elétrico, além do modo "desligado". Veio com cassete de 8 velocidades atrás, com um excelente e preciso câmbio Shimano Acera. Na frente, apenas uma velocidade, numa coroa de 42 dentes, que logo troquei por uma de 36, pois em subidas muito íngremes o motor de 250w precisa de um apoio moral das pernas. 


A fábrica promete uma autonomia média de 40 km's, podendo chegar a 60km's se for usada com nível 1 em terreno predominantemente plano, e 25 km's caso você suba paredes com o nível 5 de assistência. 


Nunca fiquei sem bateria com apenas 25 km's, mesmo usando ela no nível máximo. Mas isso varia muito por conta de peso e altimetrias. A verdade é que é uma bicicleta muito gostosa de pedalar, apesar de um pouco dura por conta do garfo rígido e pneus 700x32. Mas em ciclovias ela desliza suave como um trem num trilho. Logo no primeiro fim de semana, bati quase 100km's em 3 saídas! 




Toda aquela minha teorização de usar o mínimo de assistência para ir mais longe se concretizou. Pedalo no nível 1 quase o tempo todo. Com isso, consigo uma autonomia média de 60 km's, tento um dia alcançado 70! Aliás, pedalar com o motor desligado em locais planos ou em descidas é super tranquilo, principalmente depois de ter colocado uma coroa de 36 dentes.


Com a ajuda dessa magrela eletrificada, consegui voltar a usar a bicicleta pra quase tudo! Para rodar pela cidade, fazer cicloturismo de um dia nas proximidades, ir na padaria, no médico, no mercado, no cartório, tomar vacina… tudo pedalando. 


Totalizei 1800 km’s em 70 pedaladas desde que adquiri ela! E como estou em Home office, a grande maioria dessas pedaladas se deu por lazer, por escolha minha e não necessidade de deslocamento. Meu maior uso da bicicleta sempre se deu para transporte, o famoso commuting. Agora tenho pedalado muito mais e por lazer, sem medo de faltar perna, sem medo de subidas, só colhendo o prazer de pedalar. Transpirar deixou de ser consequência e virou opção. Quando preciso chegar num compromisso, vou de nível 3 e chego sem suor. Mas em 95% dos casos, me permito uma esbaforida no nível 1, sem sofrimento. 



Além disso, desde que comprei a bicicleta elétrica, minhas calças passaram a demandar cinto! Sim, o esforço mínimo e constante de se pedalar uma bicicleta elétrica me fez perder pelo menos 5kg até agora. Perder peso em pequena quantidade e constantemente é uma maneira saudável e definitiva de emagrecer. Estou muito feliz com isso.


Concluindo, não deixaria de pedalar se não tivesse adquirido minha elétrica.


Eu não desistiria dessa atividade, mas ela seria mais rara por conta de minhas limitações, seja de tempo para ganhar condicionamento, seja de metabolismo.


Hoje, com Home office, eu só saio pra pedalar porque gosto, sem a neura de faltar perna pra voltar. Na minha cabeça, só o prazer do vento, a felicidade de contemplar a cidade sob a ótica que só a bicicleta oferece. E isso faz uma diferença danada pra qualidade de vida, tanto que até emagreci.



delícia de autonomia


Não digo que bicicleta elétrica seja a melhor solução para todos.


Mas para mim, fez a diferença.


Quem quiser me acompanhar no strava, o link é https://www.strava.com/athletes/4719118


Muita alegria a todos, até a próxima :)

terça-feira, 15 de junho de 2021

Ciclovia Leste Rio Pinheiros







Bom dia/tarde/noite :)

Seis Oito anos depois, revisitei a ciclovia da marginal leste do Rio Pinheiros. Aquela ao lado da linha férrea. 

Essa ciclovia começava no extremo sul da cidade. Porém o governo interditou parte dela para construção de uma linha de metrô que nunca foi entregue, e desde então a ciclovia está dividia em dois, sem acesso uma com a outra.


O trajeto que pedalei foi recentemente entregue à iniciativa privada, que explora o local com publicidade e lojinhas ao longo da ciclovia. Pintaram o piso, tiraram lombadas e enxertaram um asfaltinho aqui e outro ali. Colocaram uma área com DJ discotecando. Pronto, agora é faturar. A segurança ainda é bancada pela CPTM, ou seja, Concessão à iniciativa privada porém a fatura ainda é pública.


Ao todo são 10 quilômetros, da ponte estaiada até o Jaguaré. Em ambas as extremidades, apenas um retorno pois não existem acessos. Somente três pontos para chegar nela: pela ciclopassarela do Parque do Povo (acesso pela calçada externa), ponte Cidade Universitária (acesso pela calçada sentido bairro) e por uma passarela ao lado da estação Vila Olímpia da CPTM.


Por conta dos limitados pontos de acesso, é uma ciclovia pouco usada para mobilidade, ficando restrita a lazer e treino esportivo. Na verdade, se você for passear nela durante a semana, só vai encontrar grupos treinando ciclismo de estrada. A chance de ser hostilizado por pedalar em velocidade recreativa é grande. No domingo, quando supostamente tal prática esportiva é proibida, haviam diversas pessoas pedalando muito forte, em ritmo de treino. Dois ciclistas quando me ultrapassaram ainda foram mal educados. É um péssimo comportamento que só ajuda a má fama que os ‘speedeiros’ ganharam ao longo do tempo. Jamais generalizando, mas a verdade é que tem muita gente escrota em qualquer meio, que só ajudam a queimar o filme da geral. Enfim.


Infelizmente o lado oeste continua abandonado, sem concessão nem patrulhamento. Tem o nada carinhoso apelido de ‘Ciclofaixa de Gaza’, devido ao grande número de assaltos que ocorrem naquela margem. É um passeio bonito, pois aquela margem é mais ajardinada. Mas o risco não compensa.


Foi um passeio agradável, com muito vento contra na ida ou na volta, dependendo da condição climática. Excelente para treinos por ser plana e longa. Eu mesmo que não sou de acelerar mantive uma média de 27km/h lá.


Recomendo a visita, pois é um espaço muito bacana para se pedalar na cidade, mesmo o cheirinho do rio se fazendo presente às vezes e com alguns usuários cujo espírito é tão sujo quanto. Agradável tanto para pedalar quanto para refletir sobre qual cidade queremos.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Pedalando até Guararema 2 #SQN


Dias atrás, dando continuidade à minhas pedaladas de sábado, resolvi revisitar uma pedalada muito bacana que fiz em 2014 para Guararema. Você pode ler o relato que fiz na época clicando aqui.
 

A pedalada começa na estação Estudantes, seguindo por 22 km passando por uma avenida, que se torna estrada e desce uma serrinha, depois alguns sobes e desces e muita paisagem bonita até Guararema.


A pedalada teve um ar nostálgico, pois remeteu a uma época muito gostosa de minha vida. Na época, o que me inspirou a fazer esse passeio foi uma postagem do saudoso antigão, que fizera tal passeio uma semana antes. Não deixe de seguir seu blog, clique aqui. Ele partiu para o outro plano há dois anos, mas seus relatos e viagens o mantém vivo e sempre são uma leitura primorosa sobre cicloturismo. 


Voltando ao relato, eu cheguei até a estação Estudantes vindo direto da Luz, montei na bike e saí para o passeio. Logo no primeiro quarteirão, senti o banco muito baixo - havia feito um bikefit virtual, mas ficou muito baixo para mim e tive que ajustar. Subi algo em torno de 1cm e como consequência, minha coluna ficou mais inclinada. 


Pouca coisa mudou pelo caminho. A avenida parecia a mesma de sete anos atrás, salvo por um movimento maior de carros. Segui tranquilo e cruzando alguns ciclistas pelo caminho. Assim que a pista dupla acaba, 8 km’s depois, começa a área mais rural e aprazível do passeio. Haviam algumas barracas de frutas nos acostamentos, e algumas chácaras com hortas podiam ser vistas pelo caminho. Pensei em comprar alguma coisa e trazer no bagageiro, mas acabaria moído quando chegasse em casa, horas depois.


A descida da serra se deu em poucos segundos. São 4 ou 5 km de descida no total, considerando do alto da serra até quase o posto policial. A parte mais íngreme se dá nos 2 quilômetros iniciais (ou finais, se estiver voltando). Após isso seguimos num sobe-desce mais ameno (dá-lhe perna) até a lagoa onde fica o portal da cidade.


Chegando na boca da cidade, já decidido a subir o mirante pela primeira vez, encontro um bloqueio de carros. Não estavam parando os ciclistas, mas eu parei e perguntei pra moça o que estava acontecendo, e ela disse que somente moradores ou prestadores de serviço poderiam adentrar à cidade, por conta das restrições ao coronga. 


Eu poderia ter mentido, ou mesmo ter passado reto no bloqueio, pelo outro acostamento, poderia ter dito que tinha um compromisso… desculpas não faltariam para entrar na cidade. Poderia. Mas tal ‘jeitinho’ é atitude de ‘cidadão de bem’, aquele que esbraveja contra os problemas mundanos alheios tanto quanto usufrui dessas pequenas corrupções, quando lhe favorecem.


Enfim, dei meia volta e fui aproveitar o pedal pela estrada. Guararema ficará na promessa para a próxima oportunidade.


O caminho de volta foi um pouco cansativo, aquela sublinha no banco começou a cobrar sua conta e passei a sentir dores nas costas. O pedal fluiu, porém desta vez a subida da serra foi mais sofrida. Em 2014 eu parei 2 ou 3 vezes para descansar, inclusive no meio da descida, onde há uma imagem de Nossa Senhora. Resolvi fazer tudo numa tacada só, com uma relação de coroa única de 36 dentes na frente e 32 atrás. Ao chegar no alto da serra, falando sozinho ao melhor estilo ‘Gabriel’, eu paro pra tomar uma água e descubro que tinha um ciclista me seguindo hahaha deve ter pensando que o gordinho é doido. E com razão.

arf, arf, arf

Terminei o pedal nos últimos quilômetros até Mogi das Cruzes, onde cogitei almoçar, mas daí lembrei que na noite anterior deixei todo o almoço preparado, com um picadinho com cogumelos e batata lindo na panela. Fui salivando a viagem toda.


O resultado foi um pedal meio frustrado por não ter completado a meta de chegar na cidade. As dores nas costas passaram depois que ajustei a altura do guidão. Enfim, Guararema terá que esperar mais um pouco.


Números do rolê

Quilômetros pedalados: 45.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Fiquei com vontade de comprar hortaliças, mas foi um abacaxi.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô-trem ida 1h30/ passeio 2h /trem-metrô volta 1h30).

Baixas: nenhuma.

domingo, 11 de abril de 2021

Represa de Mairiporã

A pandemia tem gerado um mal estar coletivo que me incomoda muito, mas não quero falar desse buraco que nos metemos antes mesmo de surgir o novo coronavírus. Vou relatar minhas experiências numa das minhas válvulas de escape para esses dias difíceis: os passeios de bicicleta.

Bike esperando o metrô.

Com a cidade em pseudo-lockdown, toda a malha metro-ferroviária da capital passou a aceitar bicicletas por períodos ampliados todos os dias. Agora, posso embarcar com a bike o fim de semana todo, e não somente após as 14h de sábado. E no horário que embarco, em torno de 8 da manhã, os trens estão relativamente vazios, podendo manter distância mais que suficiente de outras pessoas. 

Isso amplia minhas possibilidades de passeios de um dia, como o feito semana passada para a Estrada Velha de Santos. Agora foi a vez de pedalar pela Represa de Mairiporã.

Formalmente chamado de Reservatório Paulo de Paiva Castro, a Represa de Mairiporã é, além de um deslumbre para os olhos, um ponto chave do Sistema Cantareira de abastecimento de água para a Grande São Paulo. Todas as outras represas que compõem o sistema são interligadas e desaguam nela, onde suas águas são captadas e levadas para o tratamento, antes de chegarem em milhões de torneiras.


Para chegar até ela e voltar pra casa no começo da tarde, fui de trem até a estação de Franco da Rocha, ainda da Luz na linha que segue até Jundiaí. 


De lá, é fácil: você encara um suave aclive pela Estrada do Governo / Rod. Prefeito Luiz Salomão Chamma (políticos sempre renomeando as coisas, até quando?), pedala em torno de 7 quilômetros até ter a primeira vista da represa, já sobre a ponte. De lá, são 11 quilômetros predominantemente planos até a cidade de Mairiporã, por um acostamento de boa qualidade e um cheirinho de mato que a Cantareira oferece com prazer.

'E pra lá que ela vai...

... e de lá que ela vem.

Grupos de ciclistas, pessoas correndo e outros solitários giradores de pedivela são encontrados por todo o caminho, mas o acostamento amplo garante uma distância saudável para cruzar com cada um deles.


Chegando em Mairiporã, dei uma volta pela cidade, que pra mim parece uma kitinete da Praia Grande num feriado de verão: apertada e cheia de gente. Como uma cidade, rodeada de natureza e amplitude, consegue ser tão caótica e sim, feia? É um lugar que não traz uma satisfação típica de cidades montanhosas. O que salva o município de ser conhecida apenas como uma cidade dormitório é o seu entorno, com os atrativos da Cantareira e da Represa. Claro, se você puder pagar para ir em restaurantes, clubes e pousadas, pois parques municipais que exploram tais atrativos não existem. Posso estar errado, mas o Núcleo Águas Claras é em São Paulo e pertence ao governo estadual. Enfim.

Igrejinha da cidade. Parece uma maquete, de tão claustrofóbica e apertada que esta praça é.
Incrível, o largo todo tem mais espaço para carros passarem ou estacionarem do que para pedestres. 


Quase meti o louco e subi a Fernão Dias sentido São Paulo, mas não quero fazer parte de estatísticas de assaltos ao chegar em Guarulhos. Portando, restou a mim o retorno mais cômodo e prazeiroso, que é voltar ela mesma rodovia que margeia a represa, sentido Franco da Rocha. Um passeio tão gostoso, se tornar tenso numa rodovia hostil e feia? Não, bora sentir cheiro de mato e ouvir grilos e pássaros.

Céu perfeito, sem nuvens, mas o calor não incomodava. Não terminei ensopado como da última vez.


Chegando na estação, troquei de máscara, comprei um bilhete e embarquei de volta pra casa. Como de costume, não desço na estação do meu bairro, sempre um pouco antes pra finalizar o passeio pela ciclovia, dar o último sacode no esqueleto, comprar pão… cheguei em casa antes das 13h, tomei um banho, almocei e curti uma tarde dormindo no sofá com a tv ligada. Vida boa!


Semana que vem está em aberto. Será que exalo em algum lugar? Estou pensando em voltar pra Guararema, faz sete anos que fiz um pedal maravilhoso e tenho ótimas lembranças daquela época cheia de sonhos. Bora viver, com cuidado e respeito!


Números do rolê

Quilômetros pedalados: 38.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Ouvindo sons da natureza, de carros passando e sentindo cheiro de mato.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô/trem/passeio/trem/metrô).

Baixas: nenhuma.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Estrada Velha de Santos

Sábado de Aleluia, outono, clima ameno, com sol e zero chance de chuva. Qual ciclista não pensa em dar uma volta de bicicleta, com tanta coisa favorável, não é mesmo?

Eu resolvi desta vez fazer um cicloturismo rápido: pedalar na Estrada Velha de Santos, a linda Rodovia Caminho do Mar. 


Em tempo: considero cicloturismo qualquer pedalada cujo fim é conhecer ou aproveitar destinos, seja por de lazer, contemplação ou enriquecimento cultural. Cicloturismo pode ser parte de uma cicloviagem ou de um passeio urbano. É mais um estado de espirito do que uma ação concreta. Novamente, é uma concepção particular.


Já conhecia essa estrada indo de carro e acho que de moto também. Mas pedalar nela foi a primeira vez. De muitas, aliás. É uma perspectiva completamente diferente, como se nos banhássemos da viagem.


Não saí muito cedo de casa, acho que foi pelas 8 da manhã. Foi uma estratégia para evitar grupos de ciclistas e aglomerações, uma vez que parece regra, nós ciclistas adoramos madrugar pra pedalar. Tomei o metrô e fui até a estação Tamanduateí, de onde peguei o trem até Ribeirão Pires.


Bike no trem

Ao sair da estação, cruza-se a linha do trem e segue pela avenida paralela. Após 1300 metros, se chega à entrada para a rodovia Índio Tibiriçá, onde já se encara talvez a subida mais chata do percurso. Depois disso, se seguem 12 quilômetros por esta estrada, praticamente uma reta de subidas e descidas bem gostosas. Aliás, sempre achei essa estrada muito chata para percorrer de carro, mas de bicicleta é a segunda vez que passei por ela e é muito agradável. No meu percurso, poucas bicicletas. Porém, no sentido oposto, haviam muitos grupos de ciclistas já voltando do passeio (lembra o que escrevi sobre ciclistas adorarem acordar cedo?).


Percorridos esses 12 quilômetros, chega-se na Caminho do Mar. Siga à esquerda no trevo, seguindo as placas que mostram o caminho do portal, pois se seguir à direita você acessa a rodovia Anchieta. É aqui que começam os 8 quilômetros mais bonitos do passeio.


Por ser uma rodovia “sem saída”, o movimento de carros é exclusivamente de turistas, em sua maioria pessoas que vão correr ou pedalar. Existem também alguns restaurantes no caminho, especializados em pescados, porém estes estavam fechados devido à pandemia. Haviam ambulantes vendendo bebidas e açaí, talvez a única fonte de água potável disponível nessa estrada atualmente.


Passam-se 2 pontes sobre a represa. A segunda delas é um convite à contemplação, pois é baixa e parece tornar toda a imensa represa do Riacho grande numa lagoa bucólica. 

A máscara torta deve ser consequência do sorriso largo.

Alguns poucos momentos à frente, se chega no portal do parque. Aos mais velhinhos, é o local aonde havia o pedágio da estrada, quando esta era aberta para carros descerem ao litoral. Aliás, uma pena não podermos fazer esse percurso. Sou muito mais favorável a adaptarem este caminho e liberá-la até Cubatão, do que haver tanta luta para o uso da estrada de manutenção da Imigrantes. A descida possui vistas espetaculares, construções históricas e muito mais silêncio, por passar longe das descidas de serra da Anchieta e Imigrantes. Enfim, fica no meu sonho.


No percurso de volta, nada de novo. Mas muito agradável e jamais enjoativo. O ponto chato fica por conta da última subida antes de chegar na entrada de Ribeirão Pires, que começa depois da ponte sobre a represa, num trecho de falso plano, que vai se intensificando até chegar ao mesmo ponto que termina aquela subida chata do começo do pedal. Quase 3km, com o último acentuando um pouco a subida. Em suma, não se trata de uma preocupação, pois não é um aclive íngreme, mas como é final de passeio fica chatinho por conta da expectativa de chegar. De última hora, decidi seguir até Rio Grande da Serra. A diferença é pequena, coisa de 3 ou 4 quilômetros, mas deu uma graça a mais no passeio, além de totalizar 50 quilômetros. Basta seguir rumo a Paranapiacaba.


Cheguei na estação, peguei um trem vazio e segui rumo minha casa. Desci na estação Ana Rosa, abrindo mão da última baldeação para finalizar os últimos quilômetros pela ciclovia, até em casa.


Foi um sábado delicioso, que somaram 5 horas entre a saída e chegada em casa, com 3 horas pedaláveis e muito bem aproveitadas. Olha, foi muito bom! Me pergunto por que cargas d’água nunca fiz tal passeio, com acesso tão facilitado a esse lugar maravilhoso. Serviu como quebra-gelo, me instigou a voltar pra Guararema e fazer outros bate-voltas ao redor da cidade, aproveitando o alcance dos 370 quilômetros de malha metro-ferroviária de São Paulo.


Mesmo porque pedalar pelas ciclovias da cidade já cansou um pouco. E foram quase 700 quilômetros por elas em 2021.


Bora cicloturistar os arredores da Grande São Paulo!



Números do rolê

Quilômetros pedalados: 50 cravados.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Ouvindo: músicas infantis do meu filho que não saíam da cuca.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô/trem/passeio/trem/metrô).

Baixas: medo de rolês fora da cidade.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Viajar de bicicleta: máximo de km’s por dia, ou máximo de contemplação?


Apesar de cicloviajar menos vezes do que gostaria, não deixei de acompanhar o tema, principalmente em canais do youtube.

Ah, explicando: devem existir diferenças oficiais entre cicloviagem e cicloturismo, mas eu possuo um conceito pessoal para cada um deles. Podem estar completamente errados, aliás:


Cicloviagem: qualquer viagem feita de bicicleta. Por necessidade, condicionamento físico ou lazer.


Cicloturismo: atividade de lazer com objetivo de conhecer lugares ou atrações turísticas usando a bicicleta como meio de transporte.


Ou seja, o cicloturismo pode ser parte de uma cicloviagem ou de um passeio qualquer, mesmo dentro da sua própria cidade. 


Meu primeiro contato com o tema foi através do blog do saudoso Waldson Gutierres, o Antigão. Seu modo de narrar as viagens, das dificuldades à contemplação da natureza do caminho, me fascinaram de imediato  e passei a admirar quem faz turismo dessa forma. Em geral, suas distâncias diárias não eram grandes, mas suas viagens levavam vários dias. E ele ia longe.



Passei a entender que cicloturismo não dependia de grandes metas diárias, mas em saborear o prazer de cada paisagem, de cada lugar. Há planejamento, objetivos, mas pensado de modo a aproveitar o caminho.


Acontece que, assistindo a maioria dos canais de youtube, percebi que a maioria dos cicloviajantes tem foco em vencer grandes distâncias, virar a noite pedalando, ganhar condicionamento, treinar. Pedais de 100, 200 quilômetros, onde se acampa ou chega em pousadas já no meio da noite e recomeçam no dia seguinte antes do sol nascer. As paradas parecem ser apenas para refeições. Adoro assistir a esses blogs, e apesar de não ser o tipo de cicloviagem que eu faria, é viagem de bike, né? Sempre é legal assistir.


Mas essa visão romântica do Antigão, de pedalar sem pressa e aproveitando o caminho, é mais rara. É mais popular entre os aventureiros de longa jornada, que estão há meses ou até anos na estrada. Bem, o próprio Waldson era um senhor já aposentado, que planejava suas viagens com antecedência e sempre considerando distâncias médias, que poderiam ser cumpridas sem pressa, ao longo do dia.


Um dos seus relatos que mais gosto de reler é sua viagem nos 800 quilômetros pelo litoral paulista, de Ilha Comprida à Parati. Os cicloviajantes de performance em geral levariam 4 ou 5 dias de muito suor e lágrimas para terminar o desafio. O Antigão, cicloturista, levou 18. Mas fez amigos, histórias, fotos e lembranças.


Respeito e admiro qualquer modo de cicloviagem. Quem define o melhor para si é o viajante. Mas eu sempre escolherei o cicloturismo para as minhas saidas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Minha experiência numa e-bike.

O mercado mundial de e-bikes está crescendo como nunca. Seja em esportes ou na mobilidade urbana, as bicicletas elétricas vieram para ficar. Mas e aqui no Brasil? Bem, eu não acompanho profundamente a movimentação mundial desse mercado, apenas minha percepção local eu posso considerar, e salvo pontuais excessões, é um mercado dividido entre tecnologia velha e de ponta, ambas muito inacessíveis. 

Atualmente existem modelos modernos à disposição no Brasil. Porém, seus preços são proibitivos para a maioria de nós, por conta da alta do dólar, da tecnologia e da carga tributária. Na faixa de entrada, transbordam modelos que podemos considerar como bicicletas de fundo de quintal, pois são basicamente bicicletas comuns, montadas com o que há de mais barato disponível, acrescidas do sistema elétrico. As excessões são poucas, bem poucas.


Bicicleta de preguiçoso?

Se fosse verdade, o que o motociclista e o motorista seriam?


A e-bike um veículo moderno, que está revolucionando a mobilidade urbana e o ciclismo. Quem pedala uma e-bike não é preguiçoso, visto que nem todo trajeto e nem toda pessoa mora são combinações ideais. Subidas, calor, hostilidade e grandes distâncias impedem muitos cidadãos de usarem bicicletas convencionais. Nem todos têm físico e biotipo privilegiado, mas todos têm o direito de ir e vir, junto a insatisfação com a qualidade do transporte público. Some isso ao valor do combustível, do estacionamento, das taxas anuais para se manter um veículo motorizado... deu preguiça só de pensar, né? 


Para algumas pessoas o carro é indispensável, para outras, uma bicicleta resolve e para tantas outras, um bom tênis é mais que suficiente. Porém, há um enorme 'meio termo' entre todas essas realidades. Quando trabalhava na Paulista, conseguia usar a bike quase que diariamente, porém ainda chegava um pouco suado no trabalho, tendo que trocar a camisa. Se tivesse a ajuda de uma e-bike, não precisaria me preocupar com isso. 


No lazer, o conceito é o mesmo: todos têm o direito de usufruir dos prazeres do ciclismo, de treinar com segurança e desbravar caminhos de bicicleta. De chegar mais longe, de curtir o passeio sem medo de dores desnecessárias. A e-bike te livra da fadiga excessiva e não há problema algum nisso. Tem pessoas que nem com todo o treino do mundo, alimentação correta e sono em dia conseguem pedalar grandes distâncias, mas elas adorariam fazer isso, se fosse possível.



Já ouviu falar de pedal assistido?

Não, não é um pedal que passa na televisão (rs)

Bicicletas com pedal assistido possuem um sensor que capta o movimento do pedivela, entende que a bicicleta está em movimento e aciona o motor.  Existem basicamente dois tipos de pedal assistido: com sensor de giro e com sensor de torque.

 

Sensores de giro acionam o motor ao detectar que o ciclista pedalou. É pá-pum: entendeu que o ciclista quer andar, já entrega a força máxima programada. É um sistema mais arcaico, com menos escalonamento da potência entregue, ou seja, se você precisar manobrar em baixa velocidade, corre o risco do motor dar um tranco, te dando um susto que pode te levar ao chão. Para dar alguma segurança, esse sistema tem um sensor nos manetes de freio, que desliga o motor ao ser acionado. 


sensor de torque é uma evolução. Consiste em um sistema que calcula a pressão exercida, acionando a potência do motor de acordo com ela. Se você pedala tranquilamente, ele te ajuda suavemente. Se vier um esforço maior por conta de uma subida, ele aumenta a entrega do motor, afim de compensar essa diferença. Somado aos níveis de assistência programáveis pelo ciclocomputador, é um sistema que pedala contigo, e não para você. Essa tecnologia surgiu nos motores centrais (na região do pedivela), mas bicicletas com motor traseiro (no cubo da roda traseira) mais modernas já possuem o recurso. 



E-bike ou bicicleta adaptada?

O mercado está usando cada vez mais o termo e-bike para se referir a bicicletas com auxílio elétrico. É um apelo mercadológico que a meu ver desmerece a verdadeira bicicleta elétrica, ou e-bike. 


Em resumo, uma e-bike é uma bicicleta que foi projetada para ter auxílio elétrico, e esse auxílio se dá via pedal assistido. Já uma bicicleta comum, que recebeu um kit elétrico, deveria ser chamada de bicicleta eletrificada. E mais: se possui acelerador, nem bicicleta é, já vira ciclomotor.


As bicicletas eletrificadas são, em geral, os modelos mais baratos do mercado. Na maioria das vezes, são bicicletas com componentes de baixíssimo custo, para compensarem o valor do kit elétrico. Só que uma bicicleta com componentes de baixo custo mal conseguem dar conta de si mesmas, tampouco receber um kit elétrico, que irá levar tais componentes ao limite. Tem que ficar muito de olho ao comprar uma bicicleta dessas. Em geral elas têm um visual bem poluído, com muitos cabos e componentes expostos.


Uma bicicleta projetada para ser e-bike sempre terá um visual mais harmônico. O quadro e toda a estrutura é projetado para receber bateria, motor, fiação e tudo o mais. Quando a bateria fica no bagageiro, este é projetado sob medida e não parece uma adaptação. Em todos os casos, o sistema controlador é embutido, diferente das adaptações, onde ficam todos expostos do lado de fora da estrutura dos quadros. Em alguns modelos, o sistema elétrico é tão bem adaptado que a e-bike parece uma bicicleta comum. 


Caso você deseje eletrificar sua bicicleta atual, dê atenção aos componentes dela. Vale colocar uma relação nova, freios melhores, conferir se o quadro aguenta, pois a bateria será um peso permanente, seja no down tube ou no bagageiro. Também verifique o movimento central e considere trocar a 'caixaria' por um cartucho selado. Se você usar uma bike ruim, erá uma e-bike ruim. Não economize em ítens de segurança, pois é sua integridade física que estará em jogo.



Minha experiência

O fator psicológico é capaz de derrubar até o ciclista mais preparado. 


Já cheguei a desidratar e ter exaustão no meio de um trajeto. Isso numa época em que eu era muito mais preparado fisicamente do que hoje em dia. Mais magro, mais forte, mais jovem. E o blackout aconteceu, no meio do nada, sem água e no verão mais quente e seco que tivemos na década passada. Sorte que Deus colocou pessoas boas no caminho, que me deram água e sombra para me revigorar. O medo de que isso se repita sempre me assombrou, tirando parte do prazer de uma pedalada longa. E é contra esse fantasma que uma e-bike é eficiente.


Tive a oportunidade de pedalar uma e-bike moderna, com motor traseiro de 250w, pedal assistido com sensor de torque e 5 níveis de assistência. Testei todos os níveis de assistência e logo percebi que os níveis máximos são para mobilidade urbana, o famoso "chegar sem suar". Nos níveis mínimos, a e-bike se torna uma excelente aliada da saúde, permitindo uma atividade física controlada e segura. Essa é a maravilha do sensor de torque: ele não faz a e-bike rodar por você, mas com você. 


Resolvi fazer um caminho conhecido, que é um circuito onde vou pela Paulista até a Vila Madalena, subindo até a Cerro Corá, seguindo por ela até o cemitério da Lapa e descendo ao Parque Villa Lobos, voltando pela ciclovia da Bernardino de Campos até a Faria Lima, Vila Olímpia, Moema, Indianópolis, Igreja São Judas, Av Jabaquara e finalmente minha casa. 40 lindos e arborizados quilômetros urbanos com subidas íngremes em diversos momentos. 


Como eu pretendia fazer um exercício aeróbico, deixei a e-bike na assistência mínima, e saí para pedalar. Foi maravilhoso! As arrancadas eram suaves, os aclives da cidade desaparecem e minha cadência permanecia constante, gerando uma queima calórica saudável e muito prazeirosa. Fazia apenas o esforço apenas para manter a velocidade e, nas subidas mais íngremes, subia para uma marcha mais leve e aumentava para assistência 2, afim de equilibrar cadência e esforço. Um sucesso.


De bicicleta comum, termino sempre com os músculos exauridos, impedindo qualquer exercício no dia seguinte. Com a e-bike, eu cheguei em casa transpirando, mas com os músculos em dia, fortalecidos pelo exercício mas sem dores por conta de esforço excessivo. Foi tão bom que no dia seguinte consegui pedalar distância semelhante, inclusive subindo a Av. Rebouças sem medo! Naquela semana, somei mais de 160 km's pedalados, um record pessoal.


E-bikes são o futuro? A bicicleta tradicional vai morrer?

Creio que as e-bikes serão mais acessíveis ao longo do tempo, com a evolução tecnológica das baterias e motores. Só espero que essa evolução se dê pelo amadurecimento do consumidor, e não porque uma tecnologia se tornou ultrapassada e seu preço ficou mais atraente. O Dólar e os impostos jogam contra essa evolução, mas posso falar que as e-bikes vieram para ficar. 


Não creio que a e-bike irá matar a bicicleta tradicional, pois ela continuará sendo o veículo mais prático e eficiente que existe. Mas acredito que elas estarão cada vez mais destinadas ao esporte e lazer, deixando um pouco a função mobilidade para as e-bikes. Tudo depende de como evoluirá a tecnologia, e quanto ela custará para nós.