terça-feira, 27 de abril de 2021

Pedalando até Guararema 2 #SQN


Dias atrás, dando continuidade à minhas pedaladas de sábado, resolvi revisitar uma pedalada muito bacana que fiz em 2014 para Guararema. Você pode ler o relato que fiz na época clicando aqui.
 

A pedalada começa na estação Estudantes, seguindo por 22 km passando por uma avenida, que se torna estrada e desce uma serrinha, depois alguns sobes e desces e muita paisagem bonita até Guararema.


A pedalada teve um ar nostálgico, pois remeteu a uma época muito gostosa de minha vida. Na época, o que me inspirou a fazer esse passeio foi uma postagem do saudoso antigão, que fizera tal passeio uma semana antes. Não deixe de seguir seu blog, clique aqui. Ele partiu para o outro plano há dois anos, mas seus relatos e viagens o mantém vivo e sempre são uma leitura primorosa sobre cicloturismo. 


Voltando ao relato, eu cheguei até a estação Estudantes vindo direto da Luz, montei na bike e saí para o passeio. Logo no primeiro quarteirão, senti o banco muito baixo - havia feito um bikefit virtual, mas ficou muito baixo para mim e tive que ajustar. Subi algo em torno de 1cm e como consequência, minha coluna ficou mais inclinada. 


Pouca coisa mudou pelo caminho. A avenida parecia a mesma de sete anos atrás, salvo por um movimento maior de carros. Segui tranquilo e cruzando alguns ciclistas pelo caminho. Assim que a pista dupla acaba, 8 km’s depois, começa a área mais rural e aprazível do passeio. Haviam algumas barracas de frutas nos acostamentos, e algumas chácaras com hortas podiam ser vistas pelo caminho. Pensei em comprar alguma coisa e trazer no bagageiro, mas acabaria moído quando chegasse em casa, horas depois.


A descida da serra se deu em poucos segundos. São 4 ou 5 km de descida no total, considerando do alto da serra até quase o posto policial. A parte mais íngreme se dá nos 2 quilômetros iniciais (ou finais, se estiver voltando). Após isso seguimos num sobe-desce mais ameno (dá-lhe perna) até a lagoa onde fica o portal da cidade.


Chegando na boca da cidade, já decidido a subir o mirante pela primeira vez, encontro um bloqueio de carros. Não estavam parando os ciclistas, mas eu parei e perguntei pra moça o que estava acontecendo, e ela disse que somente moradores ou prestadores de serviço poderiam adentrar à cidade, por conta das restrições ao coronga. 


Eu poderia ter mentido, ou mesmo ter passado reto no bloqueio, pelo outro acostamento, poderia ter dito que tinha um compromisso… desculpas não faltariam para entrar na cidade. Poderia. Mas tal ‘jeitinho’ é atitude de ‘cidadão de bem’, aquele que esbraveja contra os problemas mundanos alheios tanto quanto usufrui dessas pequenas corrupções, quando lhe favorecem.


Enfim, dei meia volta e fui aproveitar o pedal pela estrada. Guararema ficará na promessa para a próxima oportunidade.


O caminho de volta foi um pouco cansativo, aquela sublinha no banco começou a cobrar sua conta e passei a sentir dores nas costas. O pedal fluiu, porém desta vez a subida da serra foi mais sofrida. Em 2014 eu parei 2 ou 3 vezes para descansar, inclusive no meio da descida, onde há uma imagem de Nossa Senhora. Resolvi fazer tudo numa tacada só, com uma relação de coroa única de 36 dentes na frente e 32 atrás. Ao chegar no alto da serra, falando sozinho ao melhor estilo ‘Gabriel’, eu paro pra tomar uma água e descubro que tinha um ciclista me seguindo hahaha deve ter pensando que o gordinho é doido. E com razão.

arf, arf, arf

Terminei o pedal nos últimos quilômetros até Mogi das Cruzes, onde cogitei almoçar, mas daí lembrei que na noite anterior deixei todo o almoço preparado, com um picadinho com cogumelos e batata lindo na panela. Fui salivando a viagem toda.


O resultado foi um pedal meio frustrado por não ter completado a meta de chegar na cidade. As dores nas costas passaram depois que ajustei a altura do guidão. Enfim, Guararema terá que esperar mais um pouco.


Números do rolê

Quilômetros pedalados: 45.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Fiquei com vontade de comprar hortaliças, mas foi um abacaxi.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô-trem ida 1h30/ passeio 2h /trem-metrô volta 1h30).

Baixas: nenhuma.

domingo, 11 de abril de 2021

Represa de Mairiporã

A pandemia tem gerado um mal estar coletivo que me incomoda muito, mas não quero falar desse buraco que nos metemos antes mesmo de surgir o novo coronavírus. Vou relatar minhas experiências numa das minhas válvulas de escape para esses dias difíceis: os passeios de bicicleta.

Bike esperando o metrô.

Com a cidade em pseudo-lockdown, toda a malha metro-ferroviária da capital passou a aceitar bicicletas por períodos ampliados todos os dias. Agora, posso embarcar com a bike o fim de semana todo, e não somente após as 14h de sábado. E no horário que embarco, em torno de 8 da manhã, os trens estão relativamente vazios, podendo manter distância mais que suficiente de outras pessoas. 

Isso amplia minhas possibilidades de passeios de um dia, como o feito semana passada para a Estrada Velha de Santos. Agora foi a vez de pedalar pela Represa de Mairiporã.

Formalmente chamado de Reservatório Paulo de Paiva Castro, a Represa de Mairiporã é, além de um deslumbre para os olhos, um ponto chave do Sistema Cantareira de abastecimento de água para a Grande São Paulo. Todas as outras represas que compõem o sistema são interligadas e desaguam nela, onde suas águas são captadas e levadas para o tratamento, antes de chegarem em milhões de torneiras.


Para chegar até ela e voltar pra casa no começo da tarde, fui de trem até a estação de Franco da Rocha, ainda da Luz na linha que segue até Jundiaí. 


De lá, é fácil: você encara um suave aclive pela Estrada do Governo / Rod. Prefeito Luiz Salomão Chamma (políticos sempre renomeando as coisas, até quando?), pedala em torno de 7 quilômetros até ter a primeira vista da represa, já sobre a ponte. De lá, são 11 quilômetros predominantemente planos até a cidade de Mairiporã, por um acostamento de boa qualidade e um cheirinho de mato que a Cantareira oferece com prazer.

'E pra lá que ela vai...

... e de lá que ela vem.

Grupos de ciclistas, pessoas correndo e outros solitários giradores de pedivela são encontrados por todo o caminho, mas o acostamento amplo garante uma distância saudável para cruzar com cada um deles.


Chegando em Mairiporã, dei uma volta pela cidade, que pra mim parece uma kitinete da Praia Grande num feriado de verão: apertada e cheia de gente. Como uma cidade, rodeada de natureza e amplitude, consegue ser tão caótica e sim, feia? É um lugar que não traz uma satisfação típica de cidades montanhosas. O que salva o município de ser conhecida apenas como uma cidade dormitório é o seu entorno, com os atrativos da Cantareira e da Represa. Claro, se você puder pagar para ir em restaurantes, clubes e pousadas, pois parques municipais que exploram tais atrativos não existem. Posso estar errado, mas o Núcleo Águas Claras é em São Paulo e pertence ao governo estadual. Enfim.

Igrejinha da cidade. Parece uma maquete, de tão claustrofóbica e apertada que esta praça é.
Incrível, o largo todo tem mais espaço para carros passarem ou estacionarem do que para pedestres. 


Quase meti o louco e subi a Fernão Dias sentido São Paulo, mas não quero fazer parte de estatísticas de assaltos ao chegar em Guarulhos. Portando, restou a mim o retorno mais cômodo e prazeiroso, que é voltar ela mesma rodovia que margeia a represa, sentido Franco da Rocha. Um passeio tão gostoso, se tornar tenso numa rodovia hostil e feia? Não, bora sentir cheiro de mato e ouvir grilos e pássaros.

Céu perfeito, sem nuvens, mas o calor não incomodava. Não terminei ensopado como da última vez.


Chegando na estação, troquei de máscara, comprei um bilhete e embarquei de volta pra casa. Como de costume, não desço na estação do meu bairro, sempre um pouco antes pra finalizar o passeio pela ciclovia, dar o último sacode no esqueleto, comprar pão… cheguei em casa antes das 13h, tomei um banho, almocei e curti uma tarde dormindo no sofá com a tv ligada. Vida boa!


Semana que vem está em aberto. Será que exalo em algum lugar? Estou pensando em voltar pra Guararema, faz sete anos que fiz um pedal maravilhoso e tenho ótimas lembranças daquela época cheia de sonhos. Bora viver, com cuidado e respeito!


Números do rolê

Quilômetros pedalados: 38.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Ouvindo sons da natureza, de carros passando e sentindo cheiro de mato.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô/trem/passeio/trem/metrô).

Baixas: nenhuma.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Estrada Velha de Santos

Sábado de Aleluia, outono, clima ameno, com sol e zero chance de chuva. Qual ciclista não pensa em dar uma volta de bicicleta, com tanta coisa favorável, não é mesmo?

Eu resolvi desta vez fazer um cicloturismo rápido: pedalar na Estrada Velha de Santos, a linda Rodovia Caminho do Mar. 


Em tempo: considero cicloturismo qualquer pedalada cujo fim é conhecer ou aproveitar destinos, seja por de lazer, contemplação ou enriquecimento cultural. Cicloturismo pode ser parte de uma cicloviagem ou de um passeio urbano. É mais um estado de espirito do que uma ação concreta. Novamente, é uma concepção particular.


Já conhecia essa estrada indo de carro e acho que de moto também. Mas pedalar nela foi a primeira vez. De muitas, aliás. É uma perspectiva completamente diferente, como se nos banhássemos da viagem.


Não saí muito cedo de casa, acho que foi pelas 8 da manhã. Foi uma estratégia para evitar grupos de ciclistas e aglomerações, uma vez que parece regra, nós ciclistas adoramos madrugar pra pedalar. Tomei o metrô e fui até a estação Tamanduateí, de onde peguei o trem até Ribeirão Pires.


Bike no trem

Ao sair da estação, cruza-se a linha do trem e segue pela avenida paralela. Após 1300 metros, se chega à entrada para a rodovia Índio Tibiriçá, onde já se encara talvez a subida mais chata do percurso. Depois disso, se seguem 12 quilômetros por esta estrada, praticamente uma reta de subidas e descidas bem gostosas. Aliás, sempre achei essa estrada muito chata para percorrer de carro, mas de bicicleta é a segunda vez que passei por ela e é muito agradável. No meu percurso, poucas bicicletas. Porém, no sentido oposto, haviam muitos grupos de ciclistas já voltando do passeio (lembra o que escrevi sobre ciclistas adorarem acordar cedo?).


Percorridos esses 12 quilômetros, chega-se na Caminho do Mar. Siga à esquerda no trevo, seguindo as placas que mostram o caminho do portal, pois se seguir à direita você acessa a rodovia Anchieta. É aqui que começam os 8 quilômetros mais bonitos do passeio.


Por ser uma rodovia “sem saída”, o movimento de carros é exclusivamente de turistas, em sua maioria pessoas que vão correr ou pedalar. Existem também alguns restaurantes no caminho, especializados em pescados, porém estes estavam fechados devido à pandemia. Haviam ambulantes vendendo bebidas e açaí, talvez a única fonte de água potável disponível nessa estrada atualmente.


Passam-se 2 pontes sobre a represa. A segunda delas é um convite à contemplação, pois é baixa e parece tornar toda a imensa represa do Riacho grande numa lagoa bucólica. 

A máscara torta deve ser consequência do sorriso largo.

Alguns poucos momentos à frente, se chega no portal do parque. Aos mais velhinhos, é o local aonde havia o pedágio da estrada, quando esta era aberta para carros descerem ao litoral. Aliás, uma pena não podermos fazer esse percurso. Sou muito mais favorável a adaptarem este caminho e liberá-la até Cubatão, do que haver tanta luta para o uso da estrada de manutenção da Imigrantes. A descida possui vistas espetaculares, construções históricas e muito mais silêncio, por passar longe das descidas de serra da Anchieta e Imigrantes. Enfim, fica no meu sonho.


No percurso de volta, nada de novo. Mas muito agradável e jamais enjoativo. O ponto chato fica por conta da última subida antes de chegar na entrada de Ribeirão Pires, que começa depois da ponte sobre a represa, num trecho de falso plano, que vai se intensificando até chegar ao mesmo ponto que termina aquela subida chata do começo do pedal. Quase 3km, com o último acentuando um pouco a subida. Em suma, não se trata de uma preocupação, pois não é um aclive íngreme, mas como é final de passeio fica chatinho por conta da expectativa de chegar. De última hora, decidi seguir até Rio Grande da Serra. A diferença é pequena, coisa de 3 ou 4 quilômetros, mas deu uma graça a mais no passeio, além de totalizar 50 quilômetros. Basta seguir rumo a Paranapiacaba.


Cheguei na estação, peguei um trem vazio e segui rumo minha casa. Desci na estação Ana Rosa, abrindo mão da última baldeação para finalizar os últimos quilômetros pela ciclovia, até em casa.


Foi um sábado delicioso, que somaram 5 horas entre a saída e chegada em casa, com 3 horas pedaláveis e muito bem aproveitadas. Olha, foi muito bom! Me pergunto por que cargas d’água nunca fiz tal passeio, com acesso tão facilitado a esse lugar maravilhoso. Serviu como quebra-gelo, me instigou a voltar pra Guararema e fazer outros bate-voltas ao redor da cidade, aproveitando o alcance dos 370 quilômetros de malha metro-ferroviária de São Paulo.


Mesmo porque pedalar pelas ciclovias da cidade já cansou um pouco. E foram quase 700 quilômetros por elas em 2021.


Bora cicloturistar os arredores da Grande São Paulo!



Números do rolê

Quilômetros pedalados: 50 cravados.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Ouvindo: músicas infantis do meu filho que não saíam da cuca.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô/trem/passeio/trem/metrô).

Baixas: medo de rolês fora da cidade.