quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Pedal Anchieta 2019


logo de gosto duvidoso.

Fico admirado quando vejo ciclistas de longa distância relatando que fizeram um desvio de apenas “80 kms” para visitar algum ponto turístico. Tem um tal de Alexandre Miranda no Youtube que chega a doer minhas canelas só de ver ele fazendo SP/PR numa pernada só. 

E o que para muitos ciclistas é um “tirinho”, para mim é a maior - quilometragem feita num único dia. Eu falo do Pedal Anchieta 2019.

O percurso sofreu alterações e ficou maior do que no ano passado. Desta vez, ao invés de seguirmos direto pela Anchieta, pegamos a interligação e descemos pela pista nova da Imigrantes (ela tem quase 20 anos e eu ainda chamo de nova). Isso aumentou o trajeto em alguns quilômetros, porém a gente termina a descida mais perto de Santos, evitando um pouco os monótonos 15km’s finais que foram um porre ano passado. 

A partir daí, foi tudo igual: chegamos em Santos, seguimos direto pro Canal 2 da orla e passamos a tarde comendo peixe frito e bebendo cerveja. Às 18h, subi no fretado e chegando em São Paulo, fui pedalando pra casa. Poderia fazer isso toda semana de tão divertido que é.

A verdade é que a parte mais gostosa dessa mini cicloviagem é o planalto, principalmente depois do Riacho Grande. É muito gostoso o sobe e desce da estrada, a natureza se aproximando, o silêncio… tudo contribui pra pedalada ser uma delícia! O clima de serra e a umidade da represa baixam a temperatura, tornado o percurso pouco desgastante. A descida da serra é a parte mais esperada, mas para mim nada é mais gostoso do que o planalto. E nada é mais entediante que chegar na baixada e pedalar até chegar na orla.









Essa pedalada foi cercada de algumas polêmicas este ano. O governo atual não mostrou muito entusiasmo em facilitar como ano passado, daí uma ONG assumiu a bronca sozinha, teve pouco tempo, introduziu um processo de cadastro e retirada de plaquinhas que a meu ver fez com que muitos não aderissem ao evento. Fora o logo que ficou bem feinho este ano (lado designer falando). Triste, mas que eles tenham aprendido que a receita do sucesso é a praticidade. Simplifiquem!

Apesar dos problemas nos bastidores e o menor número de ciclistas este ano, espero ansiosamente que tudo dê certo para que o evento se repita. Estou contando os dias para a próxima edição.

sábado, 7 de setembro de 2019

Igreja S. Judas, cadê o paraciclo? Ciclista tem que orar em dobro.



Hoje fui pedalar pra curtir o sol que não aparecia há uma semana e resolvi dar uma passada na minha querida Igreja São Judas. Fui prender a bike no paraciclo e... cadê? Só ficaram os buracos na calçada.

Fui perguntar pro guarda civil para onde que mudaram os paraciclos (eu jurava que tinham apenas trocado de lugar). Eis que o cara, todo orgulhoso, mugiu: "-Não tem mais paraciclo. Agora tem que ficar tudo livre aqui". Esse tal "livre" na verdade era mais uma vaga pra estacionar carros, em cima da calçada.

Lamentei a situação e disse que ia prender a bike no poste. Daí guarda soltou novo mugido: "- Não pode, é errado. Mas fica a seu critério."
Mas o que o desinformado não sabe é que bicicletas podem ser presas a postes sim.
E o que ele, como guarda civil deveria saber, é que paraciclos em locais de grande afluxo de pessoas é obrigatório por LEI.
E aí, será que nosso zé-ruela metido a herói da calçada vai intimar o padre?

Quero saber o que está acontecendo com essa gente. Tão bebendo água benta sem filtrar? Uma igreja, com excelentes obras sociais, remover paraciclos para dar lugar a mais um carro? Um guarda civil, cuja base móvel sempre fica na calçada, no caminho dos pedestres, debocha de um contribuinte e ainda cria caso porque ele quer prender sua magrela num poste?

Aliás, a atitude desse guarda civil está em paridade com a política de mobilidade da prefeitura. Um deboche raso e preguiçoso de pessoas desinformadas.

Leiturinha: http://vadebike.org/2011/03/bicicleta-presa-ao-poste/

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Ciclocomputador


Ciclocomputador?

Ele estava lá desde o meu Grande Retorno.

Marcava a quilometragem parcial, total, velocidade atual e  média.

Me mostrou quando bati cada número. Mil, dois mil, oito mil, nove mil. Me ajudou a definir metas do tipo “este mês pedalarei XXX quilômetros”. Acho até que criou algumas neuras. 

Achava essencial. E realmente é, dependendo da ocasião.

Até o dia que, por pressa, fixei ele errado em sua base. Quando cheguei no trabalho, percebi que tinha sumido.

Quanto desespero, no meio do mês! Assim que caísse o salário eu compraria um novo. Daí passei a anotar os dias que pedalava para fazer o cálculo manual, afinal, tinha que deixar a quilometragem total correta.

Aos poucos fui desencanando desses números, esquecendo de anotar… foram algumas centenas de quilômetros ignorados, no pinga pinga do dia a dia.

Até concluir que essa coisinha não faz a mínima diferença no meu cotidiano. Era só um apetrecho a mais para eu ficar fixando no guidão, tirando e pondo a cada estacionada. Que diferença faz quantos quilômetros percorri? Pra que cargas d’água preciso saber a minha velocidade atual?

Eis que chegou o dia do pagamento. Comprei uma bermuda e um hambúrguer com o dinheiro que seria do ciclocomputador.

Precisava era de um velocímetro para monitorar meu metabolismo, isso sim. Mas como é bom comer um hambúrguer e ficar molenga por umas horas.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Reviravoltas e volta. Descobri que para pedalar, beleza é fundamental.


Olá pessoal! 

Os últimos tempos foram cheios de mudanças, e vejam só: para melhor!

Ano passado voltei para a propaganda, depois de um ano metido a dono de pizzaria. Definitivamente, foi um aprendizado e uma experiência que abriram minha mente, ao mesmo tempo tudo isso me elucidou de diversas maneiras.

Adquiri uma bicicleta nova dois dias depois de fechar a pizzaria, um mês antes de começar no meu emprego atual. Na ocasião, estava bem atrofiado, qualquer pedaladinha ardiam as coxas. O escritório ficava na Vila Mariana, uns 2,5km de casa, por vias acidentadas mas pedaláveis. Estava muito feliz, pois tinha voltado a trabalhar com algo que sempre fiz e gostei, e o melhor: tinha voltado a pedalar, coisa que praticamente abandonei depois de 2015.

O interessante é que, depois de um ano longe desse mercado, sinto que voltei melhor. Consigo condensar mais e melhor minhas idéias. Acho que sem querer querendo, tirei meu ano sabático.


Revira

Só que uma semana depois de começar, uma notícia: iríamos mudar para o Ipiranga. Se essa notícia soou boa ou ruim, não lembro. Mas lembro que a primeira coisa que pensei foi na bicicleta! Será que teria que abandonar o modal?

No fim de semana seguinte, fiz um pedal de teste até o novo escritório e… ok. 5km por trecho, nada de absurdo. O desafio estava na sabidona da Luís Goes, morro acima. 50m de altimetria em 1km, será que aguentaria a paulada todo dia?

Vencer todo dia 50m de elevação em 1km pode ser baba pra maioria, mas pra mim não.

Então comecei pedalando dia sim, dia não. Percebi que, depois de uns meses, minha vontade de pedalar foi diminuindo. E por dois problemas: a altimetria e a hostilidade do trecho. Subir a Rua Luís Goes era um tormento, não pior do que pedalar pela Ricardo Jafet, tomando finas educativas de carros e ônibus ou pelas ruas esburacadas e nada agradáveis do Ipiranga. Zero ciclovias pelo caminho, o tempo todo em alerta máximo. A sensação de insegurança era grande, e confesso: beleza é fundamental pro pedal. As ruas do Ipiranga nada tinham de bonitas ou sequer passavam sensação de segurança. Tinha medo real de ser roubado em qualquer esquina.

O tempo passou, o verão chegou e fui deixando a bike pendurada novamente. A soma de calor excessivo + trecho desgastante + hostilidade me afugentaram do pedal. Até dezembro eu pedalava 2 a 3 vezes por semana. Sonhava em tornar isso uma rotina diária, mas infelizmente por conta dos problemas acima, isso não aconteceu. Não que não gostasse do escritório atual, mas morria de saudades da facilidade de acesso da Vila Mariana. Até tentei outras alternativas para não abandonar o pedal, como fazer passeios noturnos ou no fim de semana. Mas acho horrível sair pra pedalar por imposição, e não por praticidade. Na minha cabeça, considerar que ‘eu preciso pedalar porque faz tempo que não pedalo’ torna a bicicleta algo sem graça. Por mais que goste de pedalar, não vejo a bicicleta como um instrumento fitness ou lazer. É um meio de transporte. Seria como acordar um dia e pensar ‘faz tempo que não ando de ônibus, de hoje não passa’.


Volta

Nesse meio tempo, minha agência precisou de um espaço novo e foi anunciado que nos mudaríamos novamente. Uma mistura de esperança e receio me tomaram, pois tenho menos de uma hora entre sair do trabalho e buscar meu filho no berçário. Se nos mudássemos para longe, teria que procurar outro emprego ou escolinha. 

Depois de umas semanas rangendo os dentes, uma feliz notícia: nosso novo quartel seria na Avenida Paulista, no alto do Conjunto Nacional. Acreditem, estou 2,5km mais longe de casa em comparação ao Ipiranga. Lá totalizavam 5km e aqui 7,5km. Porém o trecho é praticamente todo plano e 80% por ciclovias! Eu consigo chegar em casa em 30 minutos, sem acabar com meu fôlego e por um caminho muito agradável. Agora, o melhor: pedalo todos os dias! 

Tapete vermelho visto do vigésimo andar.

Desde 2015 que não pedalo tanto, com tanta frequência e tão bem. Posso dizer que finalmente estou voltando a ser aquele ciclista urbano que tanto sentia falta. Meu maior prazer ao pedalar é fazer isso por ser útil, por agregar à minha vida e não porque ‘é saudável/ ecológico/ legal. É o meio de transporte que melhor me identifico.

Quanto tempo isso irá durar?

Será que minha empresa se mudará para um lugar de difícil acesso de novo?

Será que eu mudarei para uma empresa distante?

Será que vou enjoar do rolê?

Ah, são taaantas perguntas... 😁

Não sei, estou vivendo o hoje.

E hoje tá muito bom.



sexta-feira, 15 de março de 2019

Ah, o… verão!?!?




Verão. Ah, o verão.

Dias ensolarados, pessoas mais felizes, ruas cheias de alegria e… não.

Nas aulas de educação artística do primário, o verão era ilustrado como diversão plena. Eram desenhos de praia, piscina, futebol, viagens… tudo o que fez a criança sorrir era rabiscado.

Se um adulto tivesse aula de educação artística, o resultado seria bem diferente. O desenho incluiria IPVA, matrícula, ar condicionado, sofá, cinquenta banhos por dia… as poucas imagens positivas talvez fossem umas garrafas de cerveja, ou churrasco. Passar um mês viajando na infância é fácil, basta mandar as crianças pra casa de parentes em outra cidade. Já adulto, envolve grana e disponibilidade.



O verão só tem graça plena na infância, época em que boletos não existem. Não é pessimismo, eu adoro um calorzinho. Mas a real é que ele torna tudo um pouco mais difícil para um adulto: ficamos dependentes do ar condicionado para trabalhar, sofremos para dormir as poucas horas que nos restam, e as contas chegam a cavalo. Para um ciclista então, significa ficar o dia inteiro na neura pensando naquela chuva que sempre cai quando se vai pra casa.

Não que eu seja fresco, mas para a minha realidade atual, não posso mais ter imprevistos. Preciso do carro para buscar meu filho, o que significa que tenho que ir pra casa antes. E a chuva é uma infeliz loteria que me premia toda vez que resolvo vir trabalhar de bike. Em outras épocas, eu tacava o foda-se e chegava em casa ensopado. Hoje isso significa atrasar e pagar taxa de horário na escolinha.

As adversidades são tantas, que não acumulei nem 200km nestes três primeiros meses. O calor eu até suporto, considerando que entre 10 da manhã e 5 da tarde eu não pedale. Considerei pedalar durante a noite, depois de toda a correria, mas não consigo. É gostoso, mas soa como ‘missão’ a ser cumprida. A bike deixa de ser parceira, para virar mais uma demanda a cumprir. Por isso, tenho pedalado menos no dia a dia.

Aguardando a temporada de chuvas acabar para poder repor a bicicleta no meu dia a dia. 

E um viva para o Outono, minha estação preferida! Dia 20 de março tá logo ali. 

Clique aqui para ler um texto sobre o Outono que fiz cinco anos atrás.