Ciclocomputador?
Ele estava lá desde o meu Grande Retorno.
Marcava a quilometragem parcial, total, velocidade atual e média.
Me mostrou quando bati cada número. Mil, dois mil, oito mil, nove mil. Me ajudou a definir metas do tipo “este mês pedalarei XXX quilômetros”. Acho até que criou algumas neuras.
Achava essencial. E realmente é, dependendo da ocasião.
Até o dia que, por pressa, fixei ele errado em sua base. Quando cheguei no trabalho, percebi que tinha sumido.
Quanto desespero, no meio do mês! Assim que caísse o salário eu compraria um novo. Daí passei a anotar os dias que pedalava para fazer o cálculo manual, afinal, tinha que deixar a quilometragem total correta.
Aos poucos fui desencanando desses números, esquecendo de anotar… foram algumas centenas de quilômetros ignorados, no pinga pinga do dia a dia.
Até concluir que essa coisinha não faz a mínima diferença no meu cotidiano. Era só um apetrecho a mais para eu ficar fixando no guidão, tirando e pondo a cada estacionada. Que diferença faz quantos quilômetros percorri? Pra que cargas d’água preciso saber a minha velocidade atual?
Eis que chegou o dia do pagamento. Comprei uma bermuda e um hambúrguer com o dinheiro que seria do ciclocomputador.
Precisava era de um velocímetro para monitorar meu metabolismo, isso sim. Mas como é bom comer um hambúrguer e ficar molenga por umas horas.
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