quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Balanço de fim de ano.


Bem, mais um ano se fecha com saldo positivo. Montando apartamento, trabalhando sem parar e pedalando todos os dias.

Se 2013 ficou marcado como minha volta ao pedal e o nascimento deste blog, 2014 será lembrado por mim como o ano que comecei a cicloviajar. 4 dias de Caminho do Sol e um de Guararema. Pouco perto das minhas vontades, mas ainda assim aconteceu. Acordar cedo e pedalar estrada deixou de ser curiosidade para se tornar necessidade. Para o próximo ano não tenho grandes planos para duas rodas, mas tenho um grande projeto para duas pessoas: casar.

Em 2014 pedalei atrás de várias ciclovias a fim de conhecê-las, para a partir de Outubro elas surgirem no meu caminho. Fui pra Itaquera, Guarapiranga, Ipiranga, Lapa, Guarulhos... qualquer lugar aonde eu estivesse afim de pedalar, pedalei. De dia ou de noite. No final, estou devendo pedaladas com vários amigos, virtuais e reais. 2015 está aí para concretizar esses rolês.

Só tenho a agradecer pelo privilégio de poder praticar esse esporte maravilhoso todos os dias, com chuva, frio, sol ou vento.

Espero que para cada um de vocês, 2014 tenha sido um ano bom e que 2015 seja ainda melhor.

Bom pedal!

domingo, 23 de novembro de 2014

Pedalando até Guararema

Guararema é uma cidade do interior de São Paulo, cortada pelo rio Paraíba do Sul e conhecida pela sua produção de orquídeas. Depois de ver o relato do Antigão em seu blog, resolvi aproveitar o domingo para fazer esta pequena cicloviagem, partindo da estação Estudantes da CPTM.
Esperando o metrô.
Acordei cedo, às 5:30h mas só saí da cama umas 6. Já havia deixado tudo pronto na véspera, então foi basicamente levantar, tomar café e partir. 2h depois chego na estação Estudantes, onde um grupo de ciclistas se juntava para fazer o mesmo trajeto. Como eles ainda esperavam muita gente chegar e eu queria aproveitar a brisa fresca para pegar a estrada, decidi continuar em voo solo.
Que vontade de uma salada.

Subindo para descer.
Apesar do céu cinzento, o clima estava ótimo e a paisagem também!

O caminho, de aproximadamente 22km, é muito gostoso de ser feito. Na ida as descidas predominam, inclusive uma serrinha gostosa de descer. Enquanto descia, pensava: "Ai, ai, isso me espera na volta". Paisagens interioranas, hortas e o melhor: cheiro de mato.


Opa, está chegando!



Rio Paraíba do Sul

Chego em Guararema após 1:30h de pedalada. Clima agradável, cidade limpa, organizada. Um prazer pedalar por suas ruas. O rio Paraíba do Sul é muito bonito e o parque que a cidade construiu sobre ele, com pontes e ilhas, só contribui para o encanto.
Acredite, são garrafas pet.

Eles estão a todo vapor preparando a cidade para o Natal, e sugiro aos carnavalescos que adoram depenar pavões, venham conhecer Guararema: eles usam garrafas pet com tamanha criatividade que só chegando muito perto para perceber que se trata de material reciclado. O resultado é impressionante.
Respeito à nossa história. Puxa, não dói nada...
Locomotiva de respeito.

A maioria das linhas férreas e estações do país viraram ruínas. Em algum momento inventaram que o transporte por caminhões era o futuro, e hoje pagamos mais caro por tudo também por causa do custo do transporte por caminhões. A estação ferroviária de Guararema está muito preservada. Fico feliz em ver o respeito à história. Há uma bela locomotiva de bitola larga à vapor da Central do Brasil. Me recuso a chamar aquela belezura imponente de maria fumaça!

O sagrado momento do lanche.
Depois de um lanche, gatorade e sorvete, começo a "operação subida" pra Mogi. Quando chego no trevo, vejo o grupo que havia encontrado na estação, chegando só naquela hora... demoraram pra sair, eu ia ficar louco!

Na coroinha, devagar e sempre!
A volta foi uma delícia, venci a serrinha com algumas paradas para descanso, mas sem sofrimento. A minha experiência no Caminho do Sol me preparou bastante, principalmente no gerenciamento de minha energia. Sem pane seca, sem cãibra, sem exaustão. Claro que o clima ameno ajudou, mas a pedalada disciplinada fez toda a diferença. Tanto que ainda tive fôlego para pedalar na ciclofaixa quando cheguei em São Paulo!

No final, um domingo agradável e mais uma cidade na lista das pedaladas.

Que venham outras cicloviagens!

Domingo, 23 de novembro de 2014
Km pedalados: 54km
Custos: R$ 6 em metrô e trem R$ 14 em coxinha, picolé, gatorade e água
Baixas: nenhuma.

sábado, 15 de novembro de 2014

A volta da vizinhança

Comerciante: essa ciclovia me atrapalhou, pois as pessoas não podem estacionar na frente da minha loja.

Gabriel: mas depois que ela foi feita que passei a andar nesta rua e vi sua rotisserie, hoje vim experimentar.

Comerciante: Verdade. Por outro lado, agora sem carros na frente, melhorou muito a visibilidade do meu comércio.

Gabriel: se eu gostar do bacalhau, vou encomendar pro Natal, viu?

Comerciante:
obrigado, espero que goste sim! Bom dia!

E assim a cidade volta a ter vizinhança.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Sonhando com o Caminho do Mar

Enquanto sonhamos com autorização para fazer cicloturismo no Caminho do Mar, o Google lançou o street view do percurso.

Achei que a estrada estaria abandonada, mas está em melhores condições que muitas em atividade! Porém agora eu entendo a razão de tanta restrição ao acesso: toda bike que tiver falha nos freios provavelmente selará o destino do ciclista.

Clique na imagem pra iniciar a "viagem" de descida:








Vale o risco? Minha resposta é óbvia, ainda mais que troco as pastilhas a cada 1.000 km.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pequenos caminhos, grandes diferenças.

Esta semana fui "presenteado" com um trecho de ciclovia bem no meu caminho diário. São exatos 1,5 km, que somado aos 1,2 km de ciclovias que já uso no parque do Ibirapuera, fazem com que eu percorra 50% do meu trajeto diário por ciclovias. Isso dá 5,4 km em vias segregadas todos os dias.

Ciclovia passando pelo arborizado bairro de Mirandópolis, ZS de São Paulo.
Sempre leio que a oferta gera demanda. Isso explica o aumento do trânsito sempre que um viaduto ou via nova é inaugurada. O mesmo vale para a bicicleta: no trecho novo de ciclovia foi implantado entre as ruas Madre Cabrini e a Praça Maria Margarida Baldy de Araújo (ufa!), por onde pedalo quase todos os dias há mais de um ano e raramente via outros ciclistas. Agora, com uma ciclovia que não tem nem uma semana de vida, encontro em média 2 pedaladores em 1,5 km de trecho, facilmente vencido em 10 minutos. Incluindo a mim, são 3 ciclistas a cada 10 minutos. Uma conta rápida: 18 ciclistas por hora, 216 em 12 horas! De onde surgiu tanta gente? Isso prova que, quando as pessoas se sentem mais seguras, têm forte tendência a experimentar meios alternativos de locomoção.

Trecho pequeno, mas um minicosmos do que as ciclovias podem fazer pela cidade.
Todos ganham com as ciclovias: são menos carros e motos nas ruas, menos pessoas nos ônibus e trens, o que diminui a poluição, o trânsito e a lotação. Ganhos indiretos: melhora do bom humor das pessoas, afinal pedalar é uma terapia; mais tempo para cada um viver sua vida, pois com menos trânsito, chega-se mais rápido; mais saúde, pois pedalar faz bem; menos gastos no posto de combustível, e esse dinheiro vai movimentar a economia no mercado, no shopping... todos ganham.

Aceitar e apoiar a construção das ciclovias é uma maneira de tornar a cidade melhor para todos, inclusive para você.

Boas pedaladas!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Pedalando de forma adequada.

Não é qualquer bicicleta que se encaixa a seu corpo. Cuidado: Você pode estar com a bike certa, mas ajustada de forma errada.

Apesar de existirem inúmeros artigos sobre como ajustar sua bike, senti a necessidade de dar meu palpite. Por que? Bem, desde que a Mocinha virou Brisa, venho tendo dificuldades para encontrar minha posição ideal para pedalar. Pudera, saí de um quadro tamanho 17 para um 21 e ajustei tudo no olho. Posicionei o guidão lá no alto e o selim, idem. Resultado: sempre terminava o pedal incomodado com dormência ou dorzinha em alguma articulação.


Bikefit

Bikefit é um processo no qual um profissional tira várias medidas de seu corpo e adapta a bike a ele. Na verdade, ele indica a bike ideal para seu corpo, de acordo com o uso que você fará dela. A mesma bike pode ter ajustes diferentes caso você faça moutain biking ou apenas a usa no dia a dia.

Acontece que um bom profissional de bikefit é difícil de encontrar, fora o valor. Então o ciclista médio (olha eu aqui!) acaba tendo que recorrer à internet para ter pelo menos uma noção de como escolher/ajustar uma bike para si. Não é o ideal, mas ajuda.

Fiz meu bikefit online há pouco mais de um ano, neste site: nograu.com.br e lá obtive medidas para a altura do selim e top tube efetivo (top tube + mesa). 

Para as minhas medidas, a sugestão foi um quadro tamanho 18, quase 19. A Mocinha era 17. O que tive que fazer? Comprar um canote enorme e caro, de 45cm (no mercado vc encontra no máximo até 40cm) e uma mesa longa, para distanciar o guidão e dar a medida.

Depois que troquei o quadro Soul por um Vzan tamanho 21 (bem maior), eu simplesmente transplantei todos os componentes e montei. As únicas peças que comprei foram o canote (cano que vai o selim), sua abraçadeira e uma caixa de direção.
Mocinha e Brisa.
Só que um quadro maior, todas as medidas cresceram! Passei os últimos três meses ignorando minhas medidas e como disse, ajustei tudo no olho. Esta semana isso me incomodou demais. Deixei a preguiça de lado, tirei minhas medidas novamente e o susto: Estava usando o selim 5cm mais alto e a mesa 4 cm fora do ideal.

Caramba! Pedalei três meses de forma perigosa, pondo em risco minha coluna, joelho, bolas… minha sorte é que só tenho ido ao trabalho, o que dão 12km diários, divididos em 2x. Salvo um rolê que fiz pela Lapa e Villa-Lobos há duas semanas (40km), não rodei muito. Ainda bem!

Hoje ajustei a bike e fiz meu trajeto. Estranhei um pouco o banco mais baixo, portanto subi 1cm (a margem recomendada é até 2cm para mais ou para menos) e ajustei a inclinação do guidão. Pude sentir menos pressão nas costas e no punho. Nada adormeceu. Quando chegava em um farol, era mais fácil colocar o pé no chão, além de ter ficado mais fácil montar e desmontar da bike. Quanto à estética, os componentes do guidão ficaram menos inclinados e até o caos que são os conduítes ficaram menos assustadores. Pude sentir melhora imediata no pedalar, até me motivou a fazer uns rolês mais longos, como nos velhos tempos.

Portanto, se você for comprar uma bike ou fazer qualquer ajuste na sua, tenha sempre em mãos as medidas de seu bikefit, mesmo que este básico online. E procure refazê-lo regularmente, afinal, pedalando se emagrece e ganha massa muscular - seu corpo mudará!

Bom pedal,

Gabriel

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Outubro Rosa em Sampa


A cidade está rosa! Que tal dar uma pedalada noturna e ver de perto nossos espaços públicos iluminados para o Outubro Rosa?
A Ponte das Bandeiras está rosa. Foto de Cesar Ogata.

O Viaduto do Chá ilumina o Vale do Anhangabaú. Foto de Fernando Pereira.

No Ibirapuera, uma roda gigante rosa simboliza uma mama. É, o que vale é a intenção. Mas tá linda!


Afinal, o que significa Outubro Rosa?

O movimento popular internacionalmente conhecido como Outubro Rosa é comemorado em todo o mundo. O nome remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades. 

A história do Outubro Rosa remonta à última década do século 20, quando o laço cor-de-rosa, foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990 e, desde então, o Outubro rosa passou a ser adotado por diversas cidades, empresas e entidades ao redor do mundo.


Participar é fácil: use rosa! Mulheres podem pintar as unhas, colocar roupas e as mais ousadas, pintar o cabelo. Homens podem colocar camisas ou camisetas da cor rosa (por que não?) ou colocar o laço rosa no peito.

Mas o mais importante nem é vestir-se de rosa. É conscientizar as pessoas para fazerem mamgrafia regularmente, pois o câncer de mama mata quase tanto quanto uma guerra. Muitas vezes por desinformação.

Fica a dica!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Dia Gabriel Sem Bike

Ontem foi o Dia Mundial Sem Carro, que eu relatei no post anterior. Dia de congestionamento acima da média. Claro, o congestionamento não me atinge e até me ajuda, afinal, carro parado não atropela.

Hoje resolvi fazer o Dia Gabriel Sem Bike, pois acordei com vontade de caminhar. Antes de adotar a magrela eu era adepto das caminhadas, e foi vendo os ciclistas pelo caminho que acabei me tornando mais um.
Caminhadinha
Neste fim de semana minha noiva me perguntou se eu ainda fazia caminhadas, e percebi que só caminho quando empurro minha bike morro acima (e a última vez que fiz isso foi em fevereiro, no Caminho do Sol).

Hoje de manhã deixei a bike em casa e vim caminhando. Diferente da minha época pré-bike, eu não cheguei cansado. O tempo foi o mesmo de sempre: 1 hora para 5 quilômetros. Aproveitei para fazer uma contagem de ciclistas pelo meu caminho.

Quando vou de bike eu sou ultrapassado ou ultrapasso coisa de 3 ou 4 ciclistas, mas a pé e com mais tempo na rua, eu vi bem mais: 25 pedaladores. Três pela calçada, um que ignorou o farol vermelho e um cruzou em alta velocidade um posto de gasolina para cortar caminho. Ou seja, 1/5 dos ciclistas que vi são vacilões, na média da falta de educação nacional. Vale ressaltar que não são apenas ciclistas, mas cidadãos. Poderiam ser motoristas, usuários de ônibus ou motociclistas. São pessoas que julgam que suas necessidades sobrepõem-se às dos demais. sorte que foi uma minoria.

Considerando que eu fiz um caminho irregular, passando por algumas ruas ascendentes que são difíceis até de descer, considero o número grande. A maioria destes eu vi nas avenidas, ou seja, o dia que colocarem uma ciclovia na Indianópolis, ela será muito bem aproveitada.

Agora falta esperar o dia terminar para fazer a segunda parte da caminhada, já com saudades da minha magrela, a Brisa.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Dia Mundial Sem Carro na cidade escrava dele.

Hoje é segunda-feira, 22 de Setembro, Dia Mundial Sem Carro. Presenciei um congestionamento digno de véspera de carnaval.

Não que segundas-feiras sejam livres de engarrafamentos, longe disso. Mas é que hoje estava acima da média. Pareceu que os motorizados confundiram "Dia Sem Carro" com "Dia do Carro", e assim como no Dia das Crianças, levaram seus queridinhos para passear. Resultado: festival de fechadas, buzinas, carro sobre a faixa, cruzamentos fechados e todo  o arsenal de "meu direito prevalece sobre o seu" possível.

foto retirada do vadebike.org

É este espírito que critica em alto e mau tom a criação de ciclovias e faixas de ônibus, mas nunca faz barulho quando derrubam árvores para construírem faixas de rolamento. Ninguém lembra quando derrubaram centenas de árvores da marginal para "ampliação" da pista, afinal, eram apenas árvores. "- Lugar de árvore é no parque, não na marginal, estou atrasado pro trabalho." Resolveu ou pelo menos diminuiu o nó? Não, nem um nem outro.

A bicicleta não é uma solução isolada solução para a mobilidade da cidade, mas é parte dela. O carro, o ônibus e o metrô também. Essa hostilidade com o prefeito e com as novas ciclovias, ora porque aparentam vazias, ora porque "tiram espaço de estacionamento", chega a ser cega. Não dá pra cozinhar o jantar inteiro de uma vez em uma única panela, por isso os fogões têm várias bocas. O mesmo vale para o nó desta cidade: levar e trazer milhões de pessoas, para vários lugares de uma única maneira, é ter certeza do fracasso.

Que venham ciclovias, bicicletários, muitas faixas de ônibus. E que o nosso governador tire a bunda da cadeira e acelere a contrução de mais linhas de metrô, pois essa política de "uma estação por eleição" é um deboche.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Eu vejo ciclovias. O tempo todo.

Está acontecendo algo interessante em São Paulo. Ciclovias surgindo em vários lugares.

Saí para conhecer um trecho que inauguraram perto de casa, e acabo trombando com outra ciclovia em construção!





A sensação imediata foi de fartura, igual quando você pede uma pizza e ela vem com borda de catupiry grátis.

domingo, 10 de agosto de 2014

Ups na Bike: a Mocinha deu lugar à Brisa!

Depois de muitas adaptações e melhorias na Mocinha, chegou a hora do quadro. Surgiu a oportunidade de pegar um quadro Vzan tamanho 21 (o quadro anterior era 17, com canote e mesa gigantes para adaptar ao meu tamanhão).


Confesso que deu certa tristeza, afinal a Mocinha e eu vivemos diversas aventuras. Agora sem o quadro, não restou nada da bike original. O legal é que eu tenho todas as peças guardadas, estou pensando em remontá-la e por à venda.

O resultado ficou muito bacana, me sinto muito mais à vontade com o canote, que no quadro anterior ficava 70% pra fora do seat tube.

A posição de pilotagem ficou um pouco mais agressiva, por conta do top tube maior, confesso que estranhei um pouco mas estou adorando.

Agora minha Mocinha cresceu, e resolvi rebatizá-la com um novo nome: Brisa.

Que venham muitos km's de felicidade!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Assustando mulheres no beco.


Nestes dias aconteceu uma situação curiosa. Não diria engraçada pois seria uma aprovação à insanidade contemporânea.

Voltava pra casa, pelo caminho de sempre. Nove ou dez da noite. Começo a subir o beco (este aqui) em zigue-zague, para aliviar o esforço depois de um dia cansativo. Notei que havia uma mulher descendo e fazendo o zigue-zague ao contrário do meu, como se estivesse evitando uma trombada. Passei então a subir em linha reta e olhando pra o chão.

Ao passar por ela, ainda olhando para baixo, ouço uma voz trêmula: "- Nossa, pensei que você ia me agredir". Imediatamente olho para ela e vejo que é uma senhora, com expressão aliviada, levemente acuada à parede. Disse que jamais agrediria alguém, mas isso ela não teria como saber por suposição.

Terminei meu trajeto perturbado. É horrível imaginar que mesmo estando num tranquilo bairro residencial, uma pessoa não pode andar em paz, sem sentir medo das sombras. Nunca vi nada de suspeito acontecendo por lá, nem baderna dos alunos da escola ali perto. O medo que esta pessoa sentiu não é culpa do beco, de mim ou dela mesma. É consequência do que a sociedade está se tornando.

O susto, ainda que menor, foi meu também.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Represa de Guarapiranga

Neste domingo fui até a ciclovia da Av. Atlântica, que margeia a represa de Guarapiranga. Para isso, parti do Parque do Povo via marginal (claro, pela ciclovia), fui até a ponte João Dias, de onde começa a ciclovia da Bayer e segui por ela até o final, na ponte do Socorro. De lá, peguei a Av. Atlântica e fui embora.
Projeto Pomar - Ciclovia Marginal Pinheiros. Ao fundo o Credicard Hall.

Grande parte do trecho é plano, o que torna o passeio muito gostoso. Peguei a ciclovia do Parque da Barragem e fui até o final, caindo em um bairro humilde. Depois de alguns quarteirões, encontrei novamente a Av. Atlâtica e segui mais um pouco até reencontrar a ciclovia certa.
Fiz esta foto da ciclovia, mas mais à frente tem um parque que podia entrar e fazer fotos melhores. Vacilei!
Subida longa mas sossegada

SP inteira poderia ser assim.
Depois do autódromo, chega-se ao rio de novo.

Adorava quando o Spectreman lutava com monstros e caía nestas torres!
Ponte Jurubatuba

Usina Elevatória de Pedreira
Voltando pra casa.
Pedalei alguns kilômetros até chegar na ciclofaixa, seguindo por ela morro acima. A primeira subida é por uma rua arborizada e muito agradável de se pedalar, o que faz o esforço ser recompensado. No final desta rua chega-se no autódromo e a ciclofaixa segue por uma avenida para dar a volta no entorno, terminando em ruas tranquilas no final. Terminada a volta por fora do autódromo, há uma descidona que sai na margem do rio Pinheiros novamente, já na ponte Jurubatuba. Foi atravessar a ponte e cair no início da ciclovia da Marginal.

Neste dia resolvi voltar de trem pra casa, embarcando na estação Jurubatuba. Me arrependi, pois fiquei 40 minutos esperando o trem passar. Vergonhoso, pois havia um movimento enorme de pessoas e com a demora, o trem foi lotado. Fui lá, entre pessoas e outros ciclistas. Sofri com demora no metrô também, um descaso. Parece que eles gostam de trens e estações lotadas, parece uma punição. Se tivesse mais trens, seria uma maravilha.

Mas apesar do stress do nosso transporte sobre trilhos, foi um domingo bastante agradável. Friozinho moderado com o sol aparecendo às vezes para esquentar. Demorei uma eternidade pra chegar em casa só porque resolvi parar de pedalar e confiar na CPTM e no Metrô. Mas o passeio valeu, conheci novas ciclovias e já pensando nas próximas.

Cicloabraços!

Domingo, 20 de Julho de 2014
Km pedalados: 35km
Tempo: 3:30h

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Fernando Haddad: Um desenho para S. Paulo

Copio aqui o texto de autoria do Prefeito Fernando Haddad na Folha de S. Paulo. Partidarismos à parte, tenho gostado de sua atuação na administração da cidade, bem mais aberto ao diálogo que seu antecessor, que pensava estar nos anos 70. Leiam e tirem suas conclusões.

São Paulo aprovou o mais ousado e inovador Plano Diretor Estratégico (PDE) de sua história. Pelos próximos 16 anos, conviveremos com diretrizes urbanísticas que reorientam o desenvolvimento da cidade na direção do equilíbrio socioambiental e econômico.

Desde o Renascimento, as cidades ocidentais bem-sucedidas se organizam pelo alargamento da sua dimensão pública. O encontro das pessoas para a produção de mercadorias e serviços, de cultura ou de ciência, essência da vida urbana, depende disso. Na contramão, desde Prestes Maia, a cidade de São Paulo vem sendo privatizada, ou seja, negada enquanto cidade.

A começar por sua superfície. O solo de São Paulo é privado. As ruas pertencem aos carros. As calçadas são adaptadas para que automóveis tenham acesso às garagens. Os térreos dos prédios são vestíbulos desérticos que separam os moradores das ruas ameaçadoras.

A terra nua não dá lugar a parques ou equipamentos públicos, mas é tratada como estoque especulativo de riqueza.

Tudo muda com o PDE. O solo é tornado público. As ruas dão lugar ao transporte público e às bikes por meio de faixas exclusivas e ciclovias. As calçadas terão largura mínima nos novos empreendimentos para atender aos pedestres. Os térreos ganharão vida com a ativação das fachadas e comércio de rua.
O subsolo muda com a inversão de prioridades: em vez de número mínimo de vagas de garagens, o PDE impõe número máximo.

O sobressolo; ou solo criado é integralmente municipalizado. Os proprietários fundiários terão direito a construir o equivalente a apenas uma vez a área do terreno.

Para atingir o potencial construtivo máximo de duas vezes no miolo dos bairros (que são preservados), ou quatro vezes nos eixos de transporte público (que são adensados), os empreendedores terão de adquirir esse potencial adicional mediante o pagamento de outorga à municipalidade. Com isso, a especulação imobiliária perde sentido, e a cidade se apropria da chamada mais-valia fundiária.

A outorga paga compõe um fundo de desenvolvimento urbano. De seus recursos, 30% serão destinados à moradia popular e outros 30% ao transporte público, mediante ampliação da capacidade de suporte.

A área destinada à produção de moradia popular é duplicada, com a demarcação de novas Zonas de Interesse Social (Zeis), e são definidos alinhamentos viários que garantam recuos destinados ao transporte público, ciclovias e calçadas largas.

Como o adensamento é induzido a deixar o miolo dos bairros para os eixos estruturantes, as avenidas radiais ganham nova função. Passam a ser vetores de deslocamento do desenvolvimento no sentido centro-bairro(s). A geração de empregos e oportunidades econômicas assumirão uma distribuição mais linear e centrífuga, rompendo os muros que separam centro e periferia. Avenidas perimetrais como Jacu-Pêssego e Cupecê ganharão importância.

O mercado imobiliário, que sempre elegeu o bairro da vez, com as consequências conhecidas, é chamado a participar de um processo em que a vez é da cidade. A visão de empreendimento privado como enclave dará lugar à produção de vida urbana com equilíbrio econômico e socioambiental.

Por fim e não menos importante: os rios. O PDE se reapropria das margens dos rios e define o conjunto de arcos que dará lugar a uma nova São Paulo: os arcos Tiête, Pinheiros, Jurubatuba e Tamanduateí.

É no Arco do Futuro que ocorrerá a maior transformação de São Paulo. Delineá-la é a próxima tarefa. As diretrizes estão dadas.

FERNANDO HADDAD, 51, advogado, mestre em economia, doutor em filosofia e professor licenciado da USP, é prefeito de São Paulo pelo PT. Foi ministro da Educação (governos Lula e Dilma Rousseff)


sexta-feira, 20 de junho de 2014

Ciclovia da Radial Leste

Um ciclopasseio feito sem planejar, ao calor do momento. Com direito a tubaína, frio, boas surpresas e um baita susto que se não usasse capacete, provavelmente estaria com a cuca rachada.



Feriado, clima frio e vontade de pedalar. Lá fui eu pra rua.

Saí de casa crente de que haveria ciclofaixa, tinha planos de ir pra Paulista rapidinho e voltar. Realmente estava molenga e preguiçoso pra um pedal mais longo. Infelizmente (ou felizmente), não montaram ciclofaixa hoje, apesar de ser feriado nacional. Então resolvi fazer um pedalzinho até o Parque da Independência, passando pelo Jardim da Saúde e Alto do Ipiranga.

Mais uma vez no Museu.

Se eu não tivesse almoçado, iria mandar um Yakissoba de rua.

Ao chegar de frente pro museu, pensei: "-Tá, agora é voltar e ver o jogo da Inglaterra e Uruguai pela TV". Me senti bem "mais ou menos" nessa hora, então tive a idéia de ir até o Itaquerão, pela ciclovia que liga o Tatuapé a Itaquera. Ao mesmo tempo, fiquei quebrando a cuca pra pensar numa rota que não precisasse pegar Anhaia Melo ou Sarim Farah Maluf pra subir até o Tatuapé. Resolvi ir pela Mooca, subindo a Paes de Barros. Decisão que se mostrou acertada.

Paes de Barros vazia.
Lembro que ao cruzar a Av. do Estado, um vento frio com garoa bateu com tudo no meu peito. Estava de bermuda de ciclismo por baixo de uma calça moleton, mas só com uma camiseta dryfit. Me arrependi de não ter trazido uma jaqueta corta-vento. Mas segui em frente. Com o calor do corpo, dava pra levar.

Refresco ao chegar na Radial Leste.
Ao chegar na Radial Leste fui pela faixa de ônibus até o Tatuapé. Coitado de quem precisou de ônibus hoje por lá, pois foram uns 3 ou 4 km pela Radial e NENHUM ônibus me ultrapassou. Ao chegar no Tatuapé, atravessei para a outra faixa e peguei a ciclovia.

Imagina na Copa: fizeram uma reforma decente nela inteira.

Paredão de concreto de um lado...


...metrô do outro.
A ciclovia está linda. Há uns meses li outro ciclista reclamando de abandono, cheguei a ficar preocupado com pneus furados ou tombos. Creio que com a obra do Itaquerão e em todo o entorno, eles aproveitaram para dar um tapa na ciclovia, pois estava com tinta quase fresca.

O esquema de segurança e organização para os jogos da Copa eram vistos a todo momento: policiais nas pontes, outros escondidos em pontos estratégicos, muitas viaturas, guarda civil, CET... pedalei sem medo, pois também ouvi falar que em alguns pontos mais escondidos da ciclovia poderiam ter "amigos do alheio". Aliás, todos que falaram que o Brasil não tem condições de receber eventos de grande porte... morderam a língua. 

Lindos grafites ao longo da ciclovia.



O quase acidente

Chegando à estação Artur Alvim pela ciclovia tem uma árvore. em geral me abaixo e passo tranquilamente. Só que desta vez havia um galho mais baixo que acertou minha cabeça em cheio! Não sei como não caí, pois na hora fez um barulhão no meu capacete, uma dor de cabeça pela pancada e uma tontura leve.
Perigo desnecessário neste trecho.

Santo Capacete!
Como pode, em uma ciclovia, um galho tão baixo? Pior: a parte pontuda é quase uma lança para quem vem. Meu capacete sobreviveu, com um pequeno buraco, mas foi horrível o susto. Me pergunto se esse galho fez outras vítimas, pois é muito fácil alguém sem capacete (principalmente a molecada) se acidentar ali. Sério, tô quae voltando com um serrote e podando esta árvore.

Enfim, fica o alerta. Vou reportar à prefeitura. Perigo demais!

Conclusão

Esta ciclovia é quase toda plana, fui do Tatuapé até Artur Alvim muito rápido, mesmo não correndo. Foi uma das ciclovias mais legais que pedalei. Só não cheguei até Itaquera porque em Artur Alvim havia um bloqueio forte, e muita gente na rua. Como não gosto de muvucas, resolvi voltar uma estação e voltar pra casa. Metrô vazio, tranquilo como um feriado merece ser. Voltei feliz pela pedalada, com uma leve dor de cabeça pela pancada mas satisfeito pelo passeio maravilhoso. 
Voltando pra casa.

Que venham outros ciclopasseios!

Quinta, 19 de Junho de 2014 - Corpus Christi
Km pedalados: 33km
Tempo: 2:40h
Baixas: nenhuma, mas o capacete sofreu uma pequena avaria. Um troféu de guerra.