sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Assustando mulheres no beco.


Nestes dias aconteceu uma situação curiosa. Não diria engraçada pois seria uma aprovação à insanidade contemporânea.

Voltava pra casa, pelo caminho de sempre. Nove ou dez da noite. Começo a subir o beco (este aqui) em zigue-zague, para aliviar o esforço depois de um dia cansativo. Notei que havia uma mulher descendo e fazendo o zigue-zague ao contrário do meu, como se estivesse evitando uma trombada. Passei então a subir em linha reta e olhando pra o chão.

Ao passar por ela, ainda olhando para baixo, ouço uma voz trêmula: "- Nossa, pensei que você ia me agredir". Imediatamente olho para ela e vejo que é uma senhora, com expressão aliviada, levemente acuada à parede. Disse que jamais agrediria alguém, mas isso ela não teria como saber por suposição.

Terminei meu trajeto perturbado. É horrível imaginar que mesmo estando num tranquilo bairro residencial, uma pessoa não pode andar em paz, sem sentir medo das sombras. Nunca vi nada de suspeito acontecendo por lá, nem baderna dos alunos da escola ali perto. O medo que esta pessoa sentiu não é culpa do beco, de mim ou dela mesma. É consequência do que a sociedade está se tornando.

O susto, ainda que menor, foi meu também.

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