domingo, 30 de dezembro de 2018

Lembrancinha pro meu filho.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

40 mil no Pedal Anchieta! Eu fui um deles.

2 de dezembro de 2018.

Um dia para sentir saudades. Chamem de cicloviagem, ciclopasseio, loucura... mas a real é que em torno de 40 mil ciclistas saíram de São Paulo e pedalaram até Santos.

O clima era ótimo, todos se divertindo, sorrindo, mesmo aqueles que estavam exauridos, estavam com um sorriso no rosto. E não foi uma viagem curta: foram pelo menos 55km do percurso, somado ao passeio maroto em Santos, ninguém deve ter ficado abaixo dos 60km.

O evento foi uma grande vitória dos ciclistas, afinal foram longos anos de bastidores, gás lacrimogênio, proibições e descidas clandestinas. Em São Paulo, tudo começou a mudar com a ciclofaixa de lazer, para depois surgirem as ciclovias definitivas (nem tanto, né prefeito?). Não está fora de uma realidade crer que com a repercussão do Pedal Anchieta, outros eventos aconteçam e o interesso por cicloturismo e seu incentivo aumente.

Seguem algumas fotos e comentários do meu ponto de vista:



Acima, meu kit de emergência básico e umas comidinhas.
Tudo coube na minha mochila pequena:



Abaixo, como minha bike ficou.
Optei pela cestinha dianteira, muito mais prática e tudo à mão, principalmente a água.


Vejam como estava a estação Sacomã do lado de dentro:


Uma cena linda, com o sol e a subida dos primeiros kms da Anchieta, até o ponto de largada:


Aqui a largada oficial:


Não fez muito sol depois do km 10, na verdade ficou o tempo todo nublado, salvo nos primeiros 2km de descida de serra, onde uma garoa gelada nos molhou um pouquinho.

Em alguns momentos, o 'trânsito' era tanto que nós tínhamos que empurrar as magrelas. Foi bom porque encontrei dois amigos e descemos juntos desde então.


Aqui começou o momento mais lento de todo o percurso. começamos a empurrar as bikes na altura do Ilha de Capri e assim fomos até cruzar o Riacho Grande. Havia um troca de pistas que formou um imenso 'gargalo' de ciclistas. Depois disso, somente uma parada rápida antes de descer a serra.







A descida da serra foi muito divertida, com uma vista fenomenal.
PENA que não foi possível parar em muitos pontos para fazer fotografias. 
Haviam uns cagadores de regra reclamando com quem parasse, como se o evento fosse uma corrida.
Fiz questão de mandar todos à m# mais de uma vez e fazer minhas fotos desta vista deslumbrante!



Depois da descida, meus pulsos e sola dos pés doíam. 
Quem pensa que descida é fácil não sabe o que é ter que ficar alicatando os freios por 20, 30 minutos.

Enfim chegamos na baixada, mas ainda haveriam longos e monótonos 15km de vento contra, numa reta sem fim até finalmente chegar em Santos.




Assim que chegamos na cidade, pegamos algumas ciclovias e uma rota direta até o Canal 2.
Aqui vai minha única reclamação deste pedal: a falta de hospitalidade dos motoristas santistas

Eu tomo fechadas vez ou outra em São Paulo, mas em Santos foram umas sete num percurso de 3km! foi motociclista que entra sem seta voando, ônibus que passou a 10cm buzinando, e não podia faltar as SUV's acelerando atrás, mesmo sobrando espaço para passarem. Uma pena.

Faltando dois faróis para a praia, começou a chover forte. Paramos num coberto do lado de uma drogaria. Aproveitamos pra relaxar as pernas, descansar a bunda e esperar a chuva baixar. Depois de uma meia hora, seguimos pro primeiro quiosque que encontramos livre e lá ficamos quase a tarde toda!


Lá pro fim da tarde eu tomei meu rumo, tinha um fretado me esperando. Eles voltaram no 'Expresso Esposa" rs, então nos despedimos e eu pequei a ciclovia da Ana Costa, rumo ao centro.


Cheguei em SP umas nove da noite, voltei pedalando os últimos km's e ainda passei num chinês pra levar a janta pra esposa! No final, foram mais de 70km (eu tinha tirado o ciclocomputador da bike quando coloquei a bike no ônibus, perdendo estes últimos km's.



Domingo, 2 de dezembro de 2018
Km pedalados: mais de 70.
Baixas: nenhuma.
Tempo de pedalada: 6 horas
Tempo total do rolê (ida, cerveja e volta): 14h







sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Pedal Anchieta: 7 dicas úteis (que servem pra qualquer rolê, aliás).

Bom dia/tarde/noite pessoal!

Falta pouco para o grande dia! Bem, grande pelo menos para mim 😁

Tenho visto e lido algumas coisas sobre este pedal. Muitos youtubers postaram vídeos com dicas bacanas. Algumas delas considero essenciais, mesmo que óbvias! Portanto, irei falar um pouco disso aqui.

Apesar de ser um passeio ciclístico, essa pedalada é coisa séria. O trecho de serra requer atenção especial e os trechos de planalto e baixada são grandes descampados. Melhor ser redundante nas dicas do que omisso, afinal o passeio é uma oportunidade de lazer, cicloturismo e descoberta.

Vamos lá.


1. Tente instalar um bagageiro ou cestinha na bike

 Você pode até encarar apenas com uma mochila, mas pense que terá que levar água extra, lanche, ferramentas básicas, documentos, desodorante e uma camiseta sobressalente (não vai querer ficar fedentino depois que chegar, né?). Tudo isso nas suas costas irá gerar um peso extra que cobrará seu preço no meio do percurso, fora que você transpirará muito mais.

Instale, nem que seja o mais barato dos bagageiros e prenda sua mochila com elásticos.

Outra sugestão é instalar uma cestinha no guidão dianteiro. São bem baratas e qualquer bicicletaria tem. Ajuda também na distribuição de peso, aliviando a roda traseira.


2. Leve bastante água

Uma dica que parece óbvia, mas não é. Pane seca acaba com o rolê!

Serão pelo menos 30 mil ciclistas, na pista central da Anchieta. Essa rodovia praticamente não tem postos de gasolina para reabastecer as garrafas, fora que você estará na pista expressa. Portanto, nem seja louco de pular muretas e tentar atravessar.

Portanto, leve bastante água! Pelo menos duas garrafas ou caramanholas grandes. Tenha no mínimo 2 litros de água. E acredite, isso ainda é pouco. Na véspera, encha uma garrafa com água e outra até a metade, depois coloque no congelador. No dia seguinte, você terá uma garrafa com água congelada e a outra somente a metade. Complete essa garrafa com água. Você terá água fresca para o começo da pedalada, e aos poucos o gelo derreterá, fornecendo água fresca por mais tempo.


3. Leve comida

Por mais que você aguente ficar sem comer, não é recomendado. Lembre-se que isso é lazer, não treino. Repetindo, o passeio será pela pista expressa, sem chance de correr pro cantinho da pista pra comprar fandangos no posto. Leve seu rango e coma antes de sentir fome.

Apesar de você estar indo para a baixada, nada de levar marmitex com frango assado e farofa 😐. Nem tente fazer misto com presunto e pão de forma. A chance disso tudo azedar é grande.

Leve bolachas, barras de cereal, aqueles deliciosos salamitos, ou barrinhas de proteína. Frutas secas e sementes também são ótimas fontes de energia e ocupam pouco espaço.  Dezembro é assim, a gente bota uva passa em tudo, inclusive no pedal 😂😂😂. Se alguém levar castanha de caju, passe longe de mim porque senão vai ficar sem!


4. Manutenção básica

Leve um kit de remendo, câmara de ar extra e uma bomba portátil, mesmo que você não saiba usá-los. Ciclista é solidário, então você conseguirá ajuda fácil caso fure um pneu. E seja solidário também, caso veja algum ciclista sem esses recursos.


5. Verifique os freios!

Haverá um longo trecho de descida, com barranco dos dois lados! Fora o volume de ciclistas na pista, os 'sem noção' que com certeza resolverão fazer conversões súbitas na sua frente. Ficar sem freio - ou mesmo com eles fracos - nesses momentos não é uma boa idéia.

Leve numa bicicletaria para regular se você não souber como fazer e se possível, peça para trocarem as sapatas ou pastilhas.

Se sua bicicleta utiliza v-brakes, ferradura ou cantilevers, cuidado com a água. Esses tipos de freio perdem eficiência quando o aro está molhado. Se na serra tiver chovendo, atenção redobrada. Você não ficará sem freio, mas eles ficarão um pouco mais fracos.


6. Leve uma roupa extra

Fim de passeio, você suado tendo que esperar algumas horas para o ônibus trazer você de volta. Aquela roupa grudando, sua presença sendo sentida de longe... pra que, né? Leve um desodorante roll-on e uma camiseta limpa. Vai melhorar a sensação de bem estar, sua e de quem estiver perto. Nem preciso dizer pra acordar mais cedo e tomar uma chuveirada antes de sair de casa, preciso?


7. Garanta sua volta

Dê uma pesquisada em grupos do Facebook, tente reservar um fretado para voltar pra São Paulo. A rodoviária de Santos estará lotada de ciclistas querendo voltar pra casa.

Se você ainda tiver perna, pode pedalar até a rodoviária do Guarujá, São Vicente ou Praia Grande, porém há a possibilidade da oferta de ônibus nessas cidades estar menor porque as empresas deslocaram suas frotas para Santos, afim de suprir a demanda de ciclistas. Outra rodoviária que poderá te antender é a de Cubatão. Mas essa cidade não tem muitas linhas regulares nos fins de semana.

Se você estiver embalado, poderá pegar a balsa para o Guarujá, atravessar toda a ilha (uns 30 km) e pegar outra balsa para Bertioga. É praticamente tudo plano. Só não recomendo porque o risco de assaltos no Guarujá é alto.

enfim, não duvido que haverá oferta de ônibus clandestinos na boca da rodoviária, mas melhor garantir antes do que tentar a sorte em transporte não homologado, né?

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Todas essas dicas parecem até um pouco óbvias (leve comida, água, remendo, blá blá...), mas sempre é bom repetí-las. Quanto mais saturado de uma informação você estiver, mais fácil memorizar.

Com base na minha experiência pessoal, intero que estas dicas servem para qualquer rolê mais longo. Já tive pane seca, já pedalei com fome, já tive pneu furado, corrente arrebentada... posso dizer com propriedade que todo cuidado realmente é pouco.

Que o dia 2 de dezembro seja um dia daqueles de ficam na memória por muito tempo!


quinta-feira, 8 de novembro de 2018

#EuVou: Pedal Anchieta 2018






Bom dia/tarde/noite!

Confirmei presença na descida pra Santos deste ano! 

Desde que foi anunciado, eu fiquei com o dedo coçando em cima do botão de inscrição. Pedalar na rodovia fechada, com apoio do poder público e na companhia de milhares de outros ciclistas é o cenário ideal para um ciclista urbano como eu voltar a pedalar pra valer.

Será meu primeiro pedal longo desde meu retorno, em junho.


Tá, mas por que você nunca fez a Rota Márcia Prado,
que pode ser feita praticamente em qualquer dia do ano?

É uma idéia tentadora, mas essa rota totaliza mais de 80km, muito longa para meus limites atuais. Além disso, fazer essa rota implica em encarar balsas, trilhas, terrão, contramão, limo, locais ermos sem sinal de celular, amigos do alheio... não me sinto à vontade.

Confesso que só bati o martelo para esse passeio quando consegui um transporte para subir a serra de volta. Não queria depender dos ônibus de linha, afinal serão pelo menos 15 mil ciclistas descendo para o litoral num domingo, imagino quantos não conseguirão voltar no mesmo dia, devido à provável indisponibilidade de passagens.

Agora com meu retorno garantido, é só cuidar das caramanholas, pedalar sem pressa, sem neura, só na coroinha, como dizem. Meu momento é esse. 

Quem quiser fazer parte deste passeio, a inscrição é obrigatória e gratuita neste site: https://pedalanchieta2018.org

E quem estiver interessado no fretado para voltar a cidade, eu reservei com o pessoal do Vai de Bike.



terça-feira, 23 de outubro de 2018

Bicicletarias Horácio


Esta postagem complementará outra bem antiga, de 2015: “Bicicletarias Gourmet. Cuidado: vai sair caro.



Neste domingo, consegui arrumar um tempinho entre as atividades de pai e de cozinheiro da família para dar uma pedaladinha até a Paulista. Faziam uns dois meses que não fazia nenhum passeio dominical e tava com saudades de conversar com os “bandeirinhas” da ciclofaixa de lazer.

Porém, assim que saio de casa, escuto um dos sons mais chatos que uma bicicleta pode emitir: o estalo da quebra de um raio da roda.

Não era o fim do mundo, mas a verdade é que eu estava com preguiça de bancar o mecânico, pois no mesmo dia eu já havia feito a troca do pedivela e do movimento central. Então fui até uma das bicicletarias que abrem domingo na Av. Jabaquara pra pedir pra eles colocarem o raio para mim.

Entro na loja - que estava tristemente vazia - e pergunto se eles tem raio para a minha roda. Dito o sim, peço para colocarem somente o que faltara, pois tinha pressa e queria aproveitar o restinho de sol. O mecânico, na maior má vontade, perguntou se eu ia deixar a bicicleta lá para pegar NO DIA SEGUINTE. Falou que era muito complicado TROCAR UM RAIO.

Expliquei que não queria um alinhamento completo, apenas um raio novo. Neste momento o dono interveio, a favor de seu mecânico. Disse que era muito demorado, pois tinha que desmontar o disco de freio, cassete, tirar a roda… e isso tudo não daria tempo de ser feito antes da loja fechar. Olha a cultura do empresário bicicleteiro moderno! Uma loja vazia, sem clientes, sem vontade. Começou a falar das complicações de trocar UM raio, como se fosse uma penitência estar lá. Sabe aquela hora que vc ouve a ladainha e finge estar escutando, mas no fundo está querendo dar uma gargalhada? Enfim.

Como não gosto de jogar xadrez com pombos, comprei um jogo inteiro de raios e fui embora para fazer o serviço.

Já em casa, entre desmontar a roda, tirar cassete, disco de freio, colocar o raio novo no lugar do quebrado e remontar tudo, levei eternos DOZE MINUTOS! Deu tempo de passar na frente da loja, dar um toque no sininho e mandar um joinha para aquela Equipe Nota Dez!

Essa mania das bicicletarias novas em tornar algo simples um bicho de sete cabeças me irrita!

Saudades da bicicletaria do Seu Luciano, lá na Rua das Rosas. Um bom mecânico, já idoso, que se aposentou. Bicicleteiro de verdade, que alinhava roda com pneu e tudo, que não tentava empurrar câmara nova se desse pra remendar, que não tentava trocar todos os cabos se desse pra fazer uso do velho e bom óleo Singer. Não punhetava a bicicleta, empurrando equipamentos caros pra você que só vai na padaria. Não enrolava ninguém e sempre estava com a mão na massa, cheio de serviço. Chegava a indicar outras bicicletarias para desafogar um pouco a dele.

Hoje temos um bando de bicicletarias que torcem pro cliente não saber nada, para não correrem o risco de mostrarem que sabem menos ainda. Essas bicicletarias passam a maior parte do tempo ocioso, porque quando entra um cliente precisando colocar um raio na roda, eles querem que você marque horário.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Bicicleta é esporte de gordo!

Olá, amigo.

Estranhou o título desta postagem?

Não deveria. Falo por experiência própria que a bicicleta é a melhor porta de entrada para uma vida mais saudável.

Entenda: vida saudável é ter saúde, não ter um corpo definido. 
Tem muito marombado morrendo cedo e muito gordinho indo longe.

Quando você consulta qualquer personal trainer, afim de melhorar o seu condicionamento, é quase unanimidade entre eles te botarem pra correr. Tipo você pedir um prato num restaurante e o garçom já te empurra a bebida, sabe? Pouco critério, muita irresponsabilidade. Alguns até pedem para você passar num cardiologista primeiro, mas nenhum que eu saiba te aconselha a conversar com um ortopedista. Apenas perguntam se você tem problema nas pernas e só.

Muita gente tem problema ortopédico e não sabe! Pisam pra dentro, ou pra fora. Alguns tem problemas de joelho ou coluna. Acham que apenas um tênis adequado resolve.
Não é porque não dói, que está tudo bem.

Daí o menos desinformado mais precavido vai apenas no cardiologista, faz um check-up no ❤ e acha que está tudo ok.  Começa com as corridinhas. Logo lesionam joelho, calcanhar... pronto, estou podre - pensa a pessoa. Nunca a culpa será da imprudência de terceiros, que sempre acham que correr é a solução pra todos e participar de 'provinhas' de domingo é sinônimo de saúde.
A pessoa fica com o joelho ou o pé lesionado e se sentindo culpado, fraco. Crê que a culpa por sua condição é apenas sua. Parte pra fisioterapia numa piscina, aos poucos volta e fica apenas na caminhada. Fim.


Gente, o ciclismo (utilizando uma bike na sua medida) é um esporte com baixo risco de lesões, comparado a corrida. Com exceção do ombro e da lombar, não há impacto nas articulações. E há a possibilidade de utilizar bicicletas com pneus 'balão' e garfos com amortecedor, que diminuem o stress nessas áreas. E você não ficará limitado a voltinhas no quarteirão: em pouco tempo você terá preparo para rodar sua cidade se exercitando.

Comparando com a corrida, ao pedalar você também ganha condicionamento físico, de maneira progressiva e muito mais prazerosa, afinal qualquer passeio pode ser considerado um 'treino'. No primeiro dia pode doer um ou outro músculo da coxa, dormência na mão, fôlego fraco, mas você poderá fazer tudo de novo no dia seguinte ou na mesma semana. Quando menos perceber, estará muito mais disposto,saudável e o principal: feliz.

Esses dias vi uma sequência de vídeos de um cara que foi até a capital do Paraguai pedalando. Na primeira pernada, ele foi até Londrina, no Paraná. 700km numa pernada só, praticamente! Me impressionou quando ele apareceu na tela: um gordinho, com preparo físico de atleta!

Eu mesmo estou acima do peso e pedalo. Já fui mais ousado, hoje pedalo 10km por dia e encaro uma subida que me deixa cada mais resistente cada vez que venço ela. Se eu fosse correr, com meu sobrepeso, estaria detonando meus joelhos, coluna, pés... e com a bike não, eu rodo a cidade e no máximo paro pra recuperar o fôlego ou descansar a bunda do selim. Vou na farmácia, padaria, trabalho, lanchonete, igreja... tudo sobre duas rodas.

Portando, meu amigo godrinho, não tenha medo: bicicleta é esporte de gordo!


quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O vídeo mais bonito com bike.

Assisto este vídeo há anos, e sempre fico magnificado.

É uma tremenda produção, takes precisos e um cenário deslumbrante.

Mesmo sendo uma produção toda aparamentada, não tem como negar que o cara fez a parada.

Se alguém lê este blog, que assista:


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A difícil aceitação da bicicleta, e sua rasa negação.

Olá pessoal.

Em todos estes anos pedalando (parte deles parado), colecionei pérolas que escutei de pessoas que consideram a bicicleta um problema na cidade. Pode parecer piada, mas muitas vezes essas críticas são feitas por ciclistas também. Em alguns casos, o cara que vai "treinar" na estrada ou leva a bicicleta em alguma trilha para fazer mountain bike, acha que as magrelas na cidade atrapalham o trânsito e os ciclistas que insistem em pedalar no ambiente urbano são loucos, folgados ou pior, não têm esse direito.

Esses dias li em algum portal um comentário enfurecido, falando que ciclistas não pagam seguro obrigatório mas usufruem desse benefício. Ou seja, na cabeça desse cidadão, se o ciclista for atropelado e vir a ficar paraplégico, não tem direito indenização nem reembolso de suas possíveis despesas médicas! Humanidade...

Em outra ocasião, um motorista disse que ciclistas não tem direito a usar as ruas da cidade porque bicicletas não pagam IPVA. Oi? bicicletas pagando Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores? Muita alienação, desinformação, ignorância. 

Resumindo: IPVA não é taxa pra poder usar a rua, mas um imposto para proprietários de veículos com motor, meu jovem. A não ser que passaram a coonsiderar panturrilhas um automotor... daí, toda pessoa com pernas deveria pagar IPVA! Já pensou a fila nos aeroportos, pros estrangeiros pagarem imposto pra poder andar nas nossas ruas? Heheheheheh.

E a polêmica das ciclovias? Elas foram construídas quase todas em cima de malha ociosa, ou seja, onde os motoristas estacionavam os carros (de graça). Mas no discurso de boteco, elas tiraram uma faixa de rolagem, atrapalhando a fluidez do trânsito. Como se os carros estacionados não atrapalhassem. Enfim.

A ignorância é tamanha que as pessoas esquecem o bom censo em prol de poderem vomitar absurdos nas rodas de conversa. Chega num ponto em que você comemora se o assunto se limitar ao tempo, futebol e novelas.

No fundo, o ciclista é apenas mais um bode espiatório pras frustrações e egoísmo de algumas pessoas. Uma desculpa para poderem falar mal da cidade, do país, dos brasileiros. E como todo bom cidadão, é um dos únicos que não preenchem as estatísticas de defeitos da nossa sociedade. Esses são os cidadãos que chamam os benefícios que possuem de direito e os benefícios dos outros de mamata. Quando lhes caem um dever, chamam de exploração.

São pessoas que não respeitam leis quando não concordam com delas. Ou seja, sabem que a bicicleta tem prioridade sobre os carros, mas por discordar disso, buzinam e fecham o ciclista.

Pior ainda está a esfera política, onde os detentores das "novas idéias" são ainda mais conservadores e atrofiados. Recentemente anunciaram que irão retirar ciclovias e construir um "anel cicloviário", nos moldes do anel rodoviário! 

Gente, bicicleta não é carro, nem caminhão. Anel cicloviário, para um veículo que é usado para menores trajetos!? Qual a próxima, um aeroporto internacional para drones?? Estamos vivendo uma época em que a ignorância está vencendo. E de lavada.

Cada vez menos vejo pessoas falando "que legal" quando me veem chegar nos lugares de bicicleta. A expressão "que coragem" tem vencido. 

domingo, 24 de junho de 2018

Rótulos nocivos no ciclismo.


Ciclista? Bicicleteiro? Cicloturista? Cicloviajante? Ciclista hipster? Modinha? Peba? Forte do fraco? Bruto? Galático? Por que tanta necessidade de rótulos?

Esse é um assunto delicado, pois envolve diferentes perspectivas sobre a mesma cultura. Adianto que o que escrevo é apenas minha observação sob o limitado ponto de vista que possuo, pois posso muito bem ter um dos vícios que abordo neste simplório texto.

Uma coisa que o ser humano gosta é ser melhor que o outro. Prefere inclusive se sentir melhor do que ser, efetivamente. Disputas e rivalidade fazem parte da nossa genética, seja por esporte, por necessidade, por ego ou qualquer coisa que envolva mais de um indivíduo. Vai nos entender...

Lembro que quando tinha uns 5 ou 6 anos e tinha uma Monark Mirim, aro 14. As outras crianças da minha idade não brincavam muito na rua nessa época, mas eu já sabia ir pra escola, padaria, andar sem rodinhas somente pela calçada. Sou grato pela educação inclusiva que tive. Os meninos maiores corriam com suas Caloicross. Tentava acompanhar pela calçada, mas sempre ficava pra trás. Quando cresci um pouco, ganhei uma Brandani Cross de segunda mão, vermelha. Agora com uma aro 20 e mais noção, eu ia pela rua e conseguia alcançar os maiores. A reação deles ao me ver no "pelotão" foi desmerecer meu tamanho e minha bicicleta. Daí eu era o "moleque chato", "bicicleta feia que não é Caloi", entre outras besteiras de moleque. Ou seja, me desmereciam para se sentirem melhores, coisa que era mais consoladora do que aceitar a ascenção de um moleque menor.

Os anos se passaram, virei adolescente e em 1993 arrumei meu primeiro emprego. Na época havia uma efervescência da Moutain Bike no Brasil. A novidade fazia que no nosso imaginário, mtb´s eram de outro mundo. Tudo o que eu queria era uma bicicleta com marcha, que já era algo caro pra caramba. Com um dos meus primeiros salários consegui comprar uma Peugeot 10 usada, que estava pendurada em uma bicicletaria. A Peugeot estava inteirona, recém pintada e muito bonita, porém com mais de 10 anos de vida. No olhar geral, uma bike "ultrapassada".

O cenário mtb na época era simplório perto de hoje. O mercado era quase todo da Caloi. Lembro de alguma coisa da Monark surgindo nas lojas, mas tinham um acabamento visivelmente simplório que aos nossos olhares juvenis, não despertavam interesse. Fora essas duas gigantes da época, encontrava-se alguma coisa importada de qualidade em poucas lojas nas regiões nobres (sei porque eu era office-boy e rodava a cidade). Também tinha muita bike do Paraguai em tudo que é canto. E nesses cantos também surgiam bikeshops, cheias de tralhas importadas.

Uma dessas bikeshops abriu perto de casa e um amigo comprou uma bike moderna, de cromo-molibdênio. Ele se gabava dizendo que sua bike "não era de ferro", que era melhor que alumínio. Isso mesmo! Falaram tanta paroxítona pro moleque que ele acreditava que cromo-molibdênio não era aço, tampouco ferro! Vejam o nível de lorota que os lojistas passavam àquela pobre e endinheirada criança. Afinal, a idéia é vender superioridade, não bicicleta.

Essa loja também fazia passeios noturnos (chamavam-se de night bikers, chupinhando o nome da turma da Renata Falzoni). Certa vez tentei ir, mas alegaram que não podia participar, pois minha bicicleta "não foi comprada na loja" (na verdade bike velha não entrava). O mais engraçado foi que, anos depois, descobri que minha antiga Peugeot também "não era de ferro"! Hahaha! Cromo-molibdênio, numa bike uns 15 anos mais velha? Meu amigo iria jogar sua bike fora, ou o mais provável, se esforçar em desmerecer a minha. Claro que os donos da loja sabiam disso (afinal, diziam-se especialistas), mas jamais abriram a boca. Mais uma vez, pessoas dando um jeito de se sentirem superioras.

Depois dessa fase, fiquei 20 anos sem pedalar e voltei pro pedal em 2013 com uma Caloi Aspen, conforme meu primeiro post, que está aqui. Com o tempo tomei gosto, fui melhorando meus equipamentos, fiz uma cicloviagem linda de 5 dias, outras de um dia e muito pedal pelos 4 cantos da cidade. Criei esse blog e hoje leio muitos blogs, postagens em fóruns, sigo muitos canais de ciclismo no youtube. Ou seja, me intero desse universo e me motivo a pedalar mais cada vez que vejo algum vídeo ou leio um texto bacana. Acho saudável! Mas em todo esse tempo, me incomodam as rotulações que as pessoas se enfiam. Seja para se diferenciar, seja para ostentar, ou mesmo para recalcar.

Não é geral, mas muito comum: pessoas definindo quem pode ser considerado cicloturista, com base nos próprios parâmetros; outros se afirmando ciclistas e apontando quem é bicicleteiro; o cara que pedalou a vida toda que se dói quando vê novatos; tem o ciclista de bike fixa, que se considera o único detentor do verdadeiro prazer que é pedalar; o conceito do peba ao galático;  aquele que critica o ciclista de fim de semana, por se enfeitar todo para andar na ciclofaixa; o speedeiro que xinga o trabalhador que atrapalha seu "treino" na rodovia/ciclovia; aquele trabalhador que chama o speedeiro de veado por ele usar roupa colada; o cara da bike top que vira a cara pro cara da 21v; falar que quem usa bike elétrica não é ciclista; a indignação por ver um monte de ciclistas que surgiram nos últimos anos porque virou "modinha"...

A pergunta que eu faço é: E DAÍ?



O ciclista fantasiado na ciclofaixa fará seu câmbio desregular? E daí que ele não sabe trocar pneu? O trabalhador atrapalhará a performance do speedeiro, ou o cara que é ruim mesmo e procura uma desculpa? E qual o problema em ser ou não veado? Aliás, faz tempo que a vestimenta não é parâmetro de opção sexual de qualquer pessoa. Pagar R$ 300 ou 30.000 numa bike é algo que cabe a quem está pagando, não a quem está olhando. E no que 1, 3, 7, 11, 30, 900 velocidades influenciam no prazer de pedalar? Pra que cagar regra? Se sentir melhor alimentando rótulos vazios só afastam as pessoas.

Cada vez menos eu vejo os ciclistas se cumprimentarem nas ruas. Você cruza o ciclista e ele não te olha nos olhos, está olhando pra sua bike, sua posse. Mentalmente comparando e julgando. Isso é triste, muito triste.

Ninguém é obrigado, mas garanto que um bom dia é um combo: te fará se sentir melhor e ser melhor.

Bom pedal!

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Bike aro 29 com 21 marchas? Fuja!

As 29'er estão no mercado há algum tempo, e nos últimos anos elas entraram com força no mercado de bicicletas de entrada. Tudo bem, afinal a demanda gera oferta e as marcas se esforçam para baixar seus preços para atrair clientes. Uma estratégia delas é montar bikes com 21 velocidades, ou seja, 7 marchas atrás e três na frente. Uma tecnologia lá dos anos 80/90, que por ser bastante popular, tem preços menores.

Eu sou mais pesado, tive muitos problemas com o eixos das minhas bikes de 21 marchas. Seus eixos quebravam muito rápido. Em todas elas, troquei o sistema de blocagem pelo sistema de parafusos, pois o eixo sendo sólido se tornava mais resistente. Mesmo assim, eles empenavam com o peso. Agora imagine uma bicicleta de aro 29, que é mais pesada por natureza. Fora a força centrífuga maior daquelas rodonas. Mais difícil usar um sistema que não foi pensado para elas.

Não irei entrar em detalhes sobre a qualidade e a geometria das bikes de entrada, apenas compartilharei minha experiência com cubos e eixos de 21 marchas. Resumindo, minha única dica para quem pensa em adquirir uma 29: fuja das 21 marchas! 

Dou 2 motivos:

1. Você irá sofrer nas subidas.
A catraca de 7 velocidades foi pensada para o aro 26. Num aro 29, que é bem maior, a marcha mais leve corresponderá a usar uma 26 sempre na segunda ou terceira marcha. Pense naquela subida gigante que você terá que encarar sem poder deixar a bike mais leve.



2. Eixo frágil, sujeito a quebra.
Isso vale para qualquer bike com sistema de catraca em cubo de rosca. Sua construção faz com que o eixo seja preso ao cubo muito no centro dele, sobrando muito eixo até prendê-lo no quadro, ou seja, com o peso o eixo empena ou rompe. Pense num varal de roupas. Se você pendurar uma toalha pesada no meio dele, o varal entortará e gerará muita pressão no barbante.

Este é um cubo para catraca de 7 velocidades, que vai rosqueada na parte cromada.
Vejam o quanto de eixo é necessário para prendê-lo ao quadro. Isso fragiliza o sistema.

A catraca vai rosqueada no cubo e o eixo passa aí no meio.
Como fica preso só lá no fundo, o peso o faz empenar.


Portanto, se for comprar uma 29, escolha modelos a partir de 24 marchas.


Um cubo para 24 a 30 velocidades. A roda livre é embutida e o cassete é encaixado nos trilhos. Reparem que o eixo é bem mais integrado ao sistema, minimizando o risco de empenamento.
O sistema do cubo 24v é mais moderno, o ponto de apoio do eixo é muito maior e mais resistente. Seria como colocar aquela toalha pesada perto da base do varal. O barbante entortará bem menos.

Outra vantagem é que se você adquirir uma bike de 24 velocidades, poderá fazer upgrades para 27 ou 30 velocidades sem precisar trocar o cubo.

Nossas ruas são muito esburacadas. Um circuito urbano pode fazer a bike sofrer tanto quanto se estivesse em uma estrada de chão batido. Um eixo moderno e resistente vale cada centavo investido.




quarta-feira, 30 de maio de 2018

Ciclista Urbano Sênior

Relive 'Pequeno Percurso'


Quem abandona uma atividade, seja ela qual for, sabe que retomá-la depois de muito tempo é um tanto estranho. Aquilo que era feito "sem pensar" pronuncia-se a todo momento, como se meu corpo estivesse tentando dizer: "- Ah, era pra fazer isso mesmo? Não lembrava". No meu caso, voltar a pedalar está sendo divertido, mas muito desafiador.

Hoje fiz um percurso de 15 km até o Ibirapuera. Um passeio no quintal, diria tempos atrás. Só que hoje pareceu um audax! Aquilo que eu fazia de olhos fechados, como adequar a marcha com o ritmo, me enrolei todo. As pernas, que antes nem lembrava delas, hoje arderam ao mínimo aclive. Transpirei como se fosse verão e tive que parar duas vezes, pois o suor entrava no olho e ardia. Confesso que até para redigir este texto está mais difícil, pois eu abandonei não só a bicicleta, mas este blog também.

Na minha época de pedal diário, eu me achava fraco. Via outras pessoas batendo 80km numa tacada só e achava que eu, por aguentar no máximo 50, era fraco, mole. Só olhava o que não conseguia, sem me dar conta do que eu era capaz.

Hoje percebi o quanto era forte. Conhecia o meu corpo e limites, sabia o meu ritmo e não tinha medo de ir longe. Esse percurso de 15 km não me cansava ou doía em momento algum. No máximo respirava mais forte em alguns trechos. De fim de semana atravessava a cidade sem medo, a passeio. Ontem eu subi da Sta Cecília até o Paraíso e pareceu o Everest, tamanho o sofrimento.

Passei a respeitar muito mais quem eu era, e pretendo voltar naquele nível que eu achava que não era bom. Pedalar olhando pro horizonte, e não para as pernas. Encaixar a marcha certa sem precisar pensar nisso. Pedalar sem torcer pro próximo farol fechar.

Longe de querer ser um atleta galático, mas um Ciclista Urbano Sênior.


terça-feira, 10 de abril de 2018

763 nãos

Dores nas coxas;
Transpiração muito além do comum;
Sons de lubrificação carente;
Nudez pela falta do capacete;
Incômodo nos pulsos;
Mais bagagem no abdômen;
Incômodo lombar;
Luzes sem bateria;
Corrente raspando;
Tremedeira;
Alegria.

Foram 763 nãos. Hoje resolvi dizer sim. Um dia eu voltaria.

Pedala, Gabriel.