quinta-feira, 29 de maio de 2014

O caminho mais longo


O ser humano é econômico por essência. Buscar o menor caminho entre dois pontos é uma predisposição que existe em todos nós. Muitas vezes, buscar o mais fácil é o que faz um indivíduo sobreviver. Porém, o que faz uma pessoa transcender está exatamente no contrário: o caminho mais longo.

Perceba que quando alguém faz algo notável, escolheu o rumo mais difícil. Jesus passou 40 dias no deserto e não sucumbiu às tentações, que pareciam ser o caminho mais fácil. John Kennedy escolheu mandar um homem à Lua por ser difícil. O Everest recebe mais alpinistas que o Pico do Jaraguá. O melhor whisky em geral passa anos confinado para ficar bom.

Aonde quero chegar? Bem, este blog eu falo da vida cotidiana com bicicletas, e "chegar" é uma parte importante de todo o processo. Um leitor mais atento pode dizer que estou comparando objetivos de vida com minha jornada sobre duas rodas. Isso eu já fiz muitas vezes, e metade da humanidade também, de um modo ou de outro. Não há nada de novo.

A bicicleta é física, desloca-se do ponto A para o ponto B com a força de nossas pernas. Só isso. A magia está entre estes pontos. Na verdade, na forma como cada um de nós interpreta e percorre eles. Falando a real, a bicicleta é um meio como tantos outros de buscar, além do óbvio (ponto A > ponto b), um encontro consigo mesmo no caminho. Daí que se explica tanta devoção por um meio de transporte que divide opiniões. Vejo cicloturistas em grandes jornadas, velocistas em grandes performances, e por assim vai. A mesma satisfação de uma pessoa que faz downhill em um percurso de dois minutos pode ser vivida por um viajante que está há um ano pedalando mundo afora. Não a adrenalina e o barranco abaixo, mas a alegria de estar fazendo algo que te deixa feliz. De buscar o caminho mais longo, o desafio. Aquilo que é o tal "algo mais" da vida. A bike é apenas uma ferramenta. O ser humano é quem faz tudo acontecer. É ele quem percorre o caminho, escolhe a dificuldade. Optar pela bike pode ser algo racional, mas se torna passional conforme vamos percebendo  quão legal que é pedalar. O caminho mais curto da racionalidade é esquecido. Logo pensamos no mais longo, o de buscar algo mais daquilo que temos e queremos. É o intelecto humano se manifestando, fazendo a diferença.

Sair, realizar. Alguns se realizam tocando guitarra, outros dançando. Correndo, pulando de pára-quedas, fazendo churrasco, menage à trois ou lendo um livro. Cada tem o poder de fazer algo diferente, percorrer o caminho de um jeito que será diferente e notável. Eu percorro pedalando.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Mobilidade urbana

Às vezes nos prendemos ao que estamos acostumados e não enxergamos alternativas.

Minha noiva mora em Guarulhos, 40km de minha casa. Tem alguns domingos no mês que eu passo o dia na casa dela. Sempre fui de carro, por achar muito arriscado encarar marginal e Dutra de bike. Mas chegar lá pedalando sempre foi um desejo.

Nesta semana resolvi estudar o mapa da cidade para tentar encontrar uma rota segura. Olhando bem, descubro uma estação de trem próxima ao bairro dela. Linha Brás > Calmon Viana, estação Ermelino. O engraçado é que sempre pensei que o bairro de Ermelino fosse muito mais longe do que Cumbica, onde minha noiva mora. Da estação até a casa dela são apenas 5 km.

Neste feriado de 1º de Maio eu fiz o teste. Embarquei no metrô perto de casa e cheguei em aproximadamente 2 horas, uma a mais do que usando o carro. Porém economizo 1/4 de tanque de gasolina e ainda pedalo por lugares novos.


O bom é que a avenida da estação acompanha a linha do trem. Posso prolongar o passeio por uns km e embarcar algumas estações à frente. Mas o plano pras próximas vezes é de voltar pedalando até a zona sul, pelas entranhas da cidade.

Infelizmente a CPTM permite bicicletas nos trens apenas aos domingos, salvo se for uma dobrável dentro de um case. Mas ainda assim é uma "mão na roda" deixar o carro na garagem também no fim de semana.