terça-feira, 27 de agosto de 2019

Ciclocomputador


Ciclocomputador?

Ele estava lá desde o meu Grande Retorno.

Marcava a quilometragem parcial, total, velocidade atual e  média.

Me mostrou quando bati cada número. Mil, dois mil, oito mil, nove mil. Me ajudou a definir metas do tipo “este mês pedalarei XXX quilômetros”. Acho até que criou algumas neuras. 

Achava essencial. E realmente é, dependendo da ocasião.

Até o dia que, por pressa, fixei ele errado em sua base. Quando cheguei no trabalho, percebi que tinha sumido.

Quanto desespero, no meio do mês! Assim que caísse o salário eu compraria um novo. Daí passei a anotar os dias que pedalava para fazer o cálculo manual, afinal, tinha que deixar a quilometragem total correta.

Aos poucos fui desencanando desses números, esquecendo de anotar… foram algumas centenas de quilômetros ignorados, no pinga pinga do dia a dia.

Até concluir que essa coisinha não faz a mínima diferença no meu cotidiano. Era só um apetrecho a mais para eu ficar fixando no guidão, tirando e pondo a cada estacionada. Que diferença faz quantos quilômetros percorri? Pra que cargas d’água preciso saber a minha velocidade atual?

Eis que chegou o dia do pagamento. Comprei uma bermuda e um hambúrguer com o dinheiro que seria do ciclocomputador.

Precisava era de um velocímetro para monitorar meu metabolismo, isso sim. Mas como é bom comer um hambúrguer e ficar molenga por umas horas.