segunda-feira, 5 de abril de 2021

Estrada Velha de Santos

Sábado de Aleluia, outono, clima ameno, com sol e zero chance de chuva. Qual ciclista não pensa em dar uma volta de bicicleta, com tanta coisa favorável, não é mesmo?

Eu resolvi desta vez fazer um cicloturismo rápido: pedalar na Estrada Velha de Santos, a linda Rodovia Caminho do Mar. 


Em tempo: considero cicloturismo qualquer pedalada cujo fim é conhecer ou aproveitar destinos, seja por de lazer, contemplação ou enriquecimento cultural. Cicloturismo pode ser parte de uma cicloviagem ou de um passeio urbano. É mais um estado de espirito do que uma ação concreta. Novamente, é uma concepção particular.


Já conhecia essa estrada indo de carro e acho que de moto também. Mas pedalar nela foi a primeira vez. De muitas, aliás. É uma perspectiva completamente diferente, como se nos banhássemos da viagem.


Não saí muito cedo de casa, acho que foi pelas 8 da manhã. Foi uma estratégia para evitar grupos de ciclistas e aglomerações, uma vez que parece regra, nós ciclistas adoramos madrugar pra pedalar. Tomei o metrô e fui até a estação Tamanduateí, de onde peguei o trem até Ribeirão Pires.


Bike no trem

Ao sair da estação, cruza-se a linha do trem e segue pela avenida paralela. Após 1300 metros, se chega à entrada para a rodovia Índio Tibiriçá, onde já se encara talvez a subida mais chata do percurso. Depois disso, se seguem 12 quilômetros por esta estrada, praticamente uma reta de subidas e descidas bem gostosas. Aliás, sempre achei essa estrada muito chata para percorrer de carro, mas de bicicleta é a segunda vez que passei por ela e é muito agradável. No meu percurso, poucas bicicletas. Porém, no sentido oposto, haviam muitos grupos de ciclistas já voltando do passeio (lembra o que escrevi sobre ciclistas adorarem acordar cedo?).


Percorridos esses 12 quilômetros, chega-se na Caminho do Mar. Siga à esquerda no trevo, seguindo as placas que mostram o caminho do portal, pois se seguir à direita você acessa a rodovia Anchieta. É aqui que começam os 8 quilômetros mais bonitos do passeio.


Por ser uma rodovia “sem saída”, o movimento de carros é exclusivamente de turistas, em sua maioria pessoas que vão correr ou pedalar. Existem também alguns restaurantes no caminho, especializados em pescados, porém estes estavam fechados devido à pandemia. Haviam ambulantes vendendo bebidas e açaí, talvez a única fonte de água potável disponível nessa estrada atualmente.


Passam-se 2 pontes sobre a represa. A segunda delas é um convite à contemplação, pois é baixa e parece tornar toda a imensa represa do Riacho grande numa lagoa bucólica. 

A máscara torta deve ser consequência do sorriso largo.

Alguns poucos momentos à frente, se chega no portal do parque. Aos mais velhinhos, é o local aonde havia o pedágio da estrada, quando esta era aberta para carros descerem ao litoral. Aliás, uma pena não podermos fazer esse percurso. Sou muito mais favorável a adaptarem este caminho e liberá-la até Cubatão, do que haver tanta luta para o uso da estrada de manutenção da Imigrantes. A descida possui vistas espetaculares, construções históricas e muito mais silêncio, por passar longe das descidas de serra da Anchieta e Imigrantes. Enfim, fica no meu sonho.


No percurso de volta, nada de novo. Mas muito agradável e jamais enjoativo. O ponto chato fica por conta da última subida antes de chegar na entrada de Ribeirão Pires, que começa depois da ponte sobre a represa, num trecho de falso plano, que vai se intensificando até chegar ao mesmo ponto que termina aquela subida chata do começo do pedal. Quase 3km, com o último acentuando um pouco a subida. Em suma, não se trata de uma preocupação, pois não é um aclive íngreme, mas como é final de passeio fica chatinho por conta da expectativa de chegar. De última hora, decidi seguir até Rio Grande da Serra. A diferença é pequena, coisa de 3 ou 4 quilômetros, mas deu uma graça a mais no passeio, além de totalizar 50 quilômetros. Basta seguir rumo a Paranapiacaba.


Cheguei na estação, peguei um trem vazio e segui rumo minha casa. Desci na estação Ana Rosa, abrindo mão da última baldeação para finalizar os últimos quilômetros pela ciclovia, até em casa.


Foi um sábado delicioso, que somaram 5 horas entre a saída e chegada em casa, com 3 horas pedaláveis e muito bem aproveitadas. Olha, foi muito bom! Me pergunto por que cargas d’água nunca fiz tal passeio, com acesso tão facilitado a esse lugar maravilhoso. Serviu como quebra-gelo, me instigou a voltar pra Guararema e fazer outros bate-voltas ao redor da cidade, aproveitando o alcance dos 370 quilômetros de malha metro-ferroviária de São Paulo.


Mesmo porque pedalar pelas ciclovias da cidade já cansou um pouco. E foram quase 700 quilômetros por elas em 2021.


Bora cicloturistar os arredores da Grande São Paulo!



Números do rolê

Quilômetros pedalados: 50 cravados.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Ouvindo: músicas infantis do meu filho que não saíam da cuca.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô/trem/passeio/trem/metrô).

Baixas: medo de rolês fora da cidade.

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