segunda-feira, 1 de março de 2021

Viajar de bicicleta: máximo de km’s por dia, ou máximo de contemplação?


Apesar de cicloviajar menos vezes do que gostaria, não deixei de acompanhar o tema, principalmente em canais do youtube.

Ah, explicando: devem existir diferenças oficiais entre cicloviagem e cicloturismo, mas eu possuo um conceito pessoal para cada um deles. Podem estar completamente errados, aliás:


Cicloviagem: qualquer viagem feita de bicicleta. Por necessidade, condicionamento físico ou lazer.


Cicloturismo: atividade de lazer com objetivo de conhecer lugares ou atrações turísticas usando a bicicleta como meio de transporte.


Ou seja, o cicloturismo pode ser parte de uma cicloviagem ou de um passeio qualquer, mesmo dentro da sua própria cidade. 


Meu primeiro contato com o tema foi através do blog do saudoso Waldson Gutierres, o Antigão. Seu modo de narrar as viagens, das dificuldades à contemplação da natureza do caminho, me fascinaram de imediato  e passei a admirar quem faz turismo dessa forma. Em geral, suas distâncias diárias não eram grandes, mas suas viagens levavam vários dias. E ele ia longe.



Passei a entender que cicloturismo não dependia de grandes metas diárias, mas em saborear o prazer de cada paisagem, de cada lugar. Há planejamento, objetivos, mas pensado de modo a aproveitar o caminho.


Acontece que, assistindo a maioria dos canais de youtube, percebi que a maioria dos cicloviajantes tem foco em vencer grandes distâncias, virar a noite pedalando, ganhar condicionamento, treinar. Pedais de 100, 200 quilômetros, onde se acampa ou chega em pousadas já no meio da noite e recomeçam no dia seguinte antes do sol nascer. As paradas parecem ser apenas para refeições. Adoro assistir a esses blogs, e apesar de não ser o tipo de cicloviagem que eu faria, é viagem de bike, né? Sempre é legal assistir.


Mas essa visão romântica do Antigão, de pedalar sem pressa e aproveitando o caminho, é mais rara. É mais popular entre os aventureiros de longa jornada, que estão há meses ou até anos na estrada. Bem, o próprio Waldson era um senhor já aposentado, que planejava suas viagens com antecedência e sempre considerando distâncias médias, que poderiam ser cumpridas sem pressa, ao longo do dia.


Um dos seus relatos que mais gosto de reler é sua viagem nos 800 quilômetros pelo litoral paulista, de Ilha Comprida à Parati. Os cicloviajantes de performance em geral levariam 4 ou 5 dias de muito suor e lágrimas para terminar o desafio. O Antigão, cicloturista, levou 18. Mas fez amigos, histórias, fotos e lembranças.


Respeito e admiro qualquer modo de cicloviagem. Quem define o melhor para si é o viajante. Mas eu sempre escolherei o cicloturismo para as minhas saidas.

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