domingo, 11 de abril de 2021

Represa de Mairiporã

A pandemia tem gerado um mal estar coletivo que me incomoda muito, mas não quero falar desse buraco que nos metemos antes mesmo de surgir o novo coronavírus. Vou relatar minhas experiências numa das minhas válvulas de escape para esses dias difíceis: os passeios de bicicleta.

Bike esperando o metrô.

Com a cidade em pseudo-lockdown, toda a malha metro-ferroviária da capital passou a aceitar bicicletas por períodos ampliados todos os dias. Agora, posso embarcar com a bike o fim de semana todo, e não somente após as 14h de sábado. E no horário que embarco, em torno de 8 da manhã, os trens estão relativamente vazios, podendo manter distância mais que suficiente de outras pessoas. 

Isso amplia minhas possibilidades de passeios de um dia, como o feito semana passada para a Estrada Velha de Santos. Agora foi a vez de pedalar pela Represa de Mairiporã.

Formalmente chamado de Reservatório Paulo de Paiva Castro, a Represa de Mairiporã é, além de um deslumbre para os olhos, um ponto chave do Sistema Cantareira de abastecimento de água para a Grande São Paulo. Todas as outras represas que compõem o sistema são interligadas e desaguam nela, onde suas águas são captadas e levadas para o tratamento, antes de chegarem em milhões de torneiras.


Para chegar até ela e voltar pra casa no começo da tarde, fui de trem até a estação de Franco da Rocha, ainda da Luz na linha que segue até Jundiaí. 


De lá, é fácil: você encara um suave aclive pela Estrada do Governo / Rod. Prefeito Luiz Salomão Chamma (políticos sempre renomeando as coisas, até quando?), pedala em torno de 7 quilômetros até ter a primeira vista da represa, já sobre a ponte. De lá, são 11 quilômetros predominantemente planos até a cidade de Mairiporã, por um acostamento de boa qualidade e um cheirinho de mato que a Cantareira oferece com prazer.

'E pra lá que ela vai...

... e de lá que ela vem.

Grupos de ciclistas, pessoas correndo e outros solitários giradores de pedivela são encontrados por todo o caminho, mas o acostamento amplo garante uma distância saudável para cruzar com cada um deles.


Chegando em Mairiporã, dei uma volta pela cidade, que pra mim parece uma kitinete da Praia Grande num feriado de verão: apertada e cheia de gente. Como uma cidade, rodeada de natureza e amplitude, consegue ser tão caótica e sim, feia? É um lugar que não traz uma satisfação típica de cidades montanhosas. O que salva o município de ser conhecida apenas como uma cidade dormitório é o seu entorno, com os atrativos da Cantareira e da Represa. Claro, se você puder pagar para ir em restaurantes, clubes e pousadas, pois parques municipais que exploram tais atrativos não existem. Posso estar errado, mas o Núcleo Águas Claras é em São Paulo e pertence ao governo estadual. Enfim.

Igrejinha da cidade. Parece uma maquete, de tão claustrofóbica e apertada que esta praça é.
Incrível, o largo todo tem mais espaço para carros passarem ou estacionarem do que para pedestres. 


Quase meti o louco e subi a Fernão Dias sentido São Paulo, mas não quero fazer parte de estatísticas de assaltos ao chegar em Guarulhos. Portando, restou a mim o retorno mais cômodo e prazeiroso, que é voltar ela mesma rodovia que margeia a represa, sentido Franco da Rocha. Um passeio tão gostoso, se tornar tenso numa rodovia hostil e feia? Não, bora sentir cheiro de mato e ouvir grilos e pássaros.

Céu perfeito, sem nuvens, mas o calor não incomodava. Não terminei ensopado como da última vez.


Chegando na estação, troquei de máscara, comprei um bilhete e embarquei de volta pra casa. Como de costume, não desço na estação do meu bairro, sempre um pouco antes pra finalizar o passeio pela ciclovia, dar o último sacode no esqueleto, comprar pão… cheguei em casa antes das 13h, tomei um banho, almocei e curti uma tarde dormindo no sofá com a tv ligada. Vida boa!


Semana que vem está em aberto. Será que exalo em algum lugar? Estou pensando em voltar pra Guararema, faz sete anos que fiz um pedal maravilhoso e tenho ótimas lembranças daquela época cheia de sonhos. Bora viver, com cuidado e respeito!


Números do rolê

Quilômetros pedalados: 38.

Custo: R$ 8,80 (dois bilhetes de metrô/trem).

Ouvindo sons da natureza, de carros passando e sentindo cheiro de mato.

Tempo total do passeio: 5 horas (metrô/trem/passeio/trem/metrô).

Baixas: nenhuma.

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