segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sobre Meninos e Morros.


Este beco é aqui perto de casa e me botava medo, mas não era de assalto. Acontece que há uns anos quase desmaiei por subir estes pouco mais de 60m de ladeira, debaixo de um sol escaldante e pesando mais de 160kg na época.

Anos se passaram, operei do estômago e mudei meus hábitos. Tinha me tornado um ciclista que pedalava diariamente, porém ao chegar no pé deste beco, olhava para o alto e ficava assustado com o tamanho do aclive. Então pegava minha bike e contornava a rua ao lado, que tem uma subida menos acentuada, porém num percurso 5 vezes maior. Aquele beco continuava estranhamente assustador. Um paredão!

Um dia me cansei do meu pensamento derrotista e fui decidido a subir este barranquinho. Poxa, estava pedalando havia algum tempo, todos os dias praticamente. O que poderia acontecer de errado em um percurso tão pequeno? Se não conseguisse era só descer da bike e empurrar. Ou voltar e fazer o percurso mais longo. Simples assim.

Para minha surpresa e felicidade, naquele dia eu subi o barranquinho em menos de um minuto! Cheguei lá em cima esbaforindo, mas feliz. Dei um sorriso e continuei o caminho. No dia seguinte, fui lá de novo e venci. E assim foram meus dias: chegar no pé do barranco e subir pra primeira marcha, jogar na coroinha e pedal acima!

Depois de uns dias, nem lembrava mais de que este beco me assombrou. Lembro de uma vez ter parado no final do percurso e olhado para baixo, pensando: "Você até que não é tão alto assim".

Isto me fez pensar no quanto deixamos de ousar, experimentar e colher frutos novos por conta de nossos medos, tabus e limites auto-impostos. O beco não ficou menos íngreme nem mais curto. Quem mudou fui eu. E se minha cabeça não mudasse a ponto de querer isso, talvez este beco jamais deixaria de ser impossível.

A fé move montanhas? Sim. Mas ela muda o SEU modo de ver a montanha.

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