quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Caminho do Sol - Dia 3 - Itu à Capivari

Bom dia Sol! Pega leve hoje, tá?
O galo cantou. Na verdade, vários galos! Meu primeiro amanhecer num haras. Eu já estava levemente acordado, acredito que no momento que você está cicloviajando seu relógio biológico fica mais eficiente.
Depois de um café da manhã e despedidas, caio na estrada com Bateria 50%: A minha cheia e a do meu celular na metade. Economizei bateria pra poder fazer fotos enquanto pudesse. Desliguei 3G, som... mas o celular morreu ao meio dia.



Partindo do Haras do Mosteiro, sigo pela estrada de chão batido sentido a cidade Salto, e já começo a encarar mais canaviais do que outras culturas. O açúcar é o combustível da locomotiva do país! Este primeiro trecho foi delicioso, com montanhas baixas que tornavam a paisagem mais graciosa. Me peguei cantando a música Andarilho, dos Persistentes. Aliás, Persistentes é a minha banda. Parte da letra:

"As sombras das nuvens dançam em sua retina
A vida lhe prega peças em cada esquina
Lá vai o homem caminhando sob a chuva fina
Andarilho...
Como um velho trem, segue no seu trilho!"

Depois de alguns km de estrada, passo a acompanhar uma linha férrea, já torcendo para ver algum trem. Tá, ver um trem é a coisa mais comum do mundo... mas eu tô muito criança nesta viagem e meu pedido foi atendido!

Piuí, abacaxi.
Depois de curtir o trem e todos os seus trocentos vagões, chego no asfalto de uma das entradas da cidade de Salto. Subo que nem um foguete e atravesso a cidade em menos de vinte minutos. Queria estrada!

Após atravessar a cidade sem fazer fotos (bateria nos 30% já), saio em outra rodovia e a cruzo uns metros depois. Entro por um terreno, subo empurrando por um caminho nada bike-friendly, daí continuei por uma rua e cruzei outra rodovia, para enfim pegar uma estrada de terra.
Atrás do canavial, uma bela paisagem. E meu celular morreu.
Segundo o guia do Caminho do Sol, a próxima etapa - Fazenda Vesúvio - estaria distante 18 km do Haras do Mosteiro. Eu já havia pedalado uns 14 até então. Pedalei mais uns 6km... e nada dessa fazenda. O caminho era bonito, gostoso de pedalar. Descobri que havia uma informação desencontrada no guia: Numa página, falava que a próxima etapa era na Fazenda Vesúvio, 18km. Em outra página, a etapa se chamava Chácara San Marino, 28km. Depois descobri que a tal Fazenda Vesúvio nem existia mais. Inclusive aquele caminho "nada bike-friendly" que mencionei foi feito como adaptação à nova realidade.

Depois de finalmente passar pela Chácara San Marino, sigo em direção de Elias Fausto. Parecia que nunca chegaria. Subo, desço, paro nas sombras, respiro fundo e continuo. E nada da próxima cidade. Honestamente eu não sei se as subidas eram íngremes, se Elias Fausto estava tão longe assim ou se tudo era coisa da minha cabeça. Quando enfim cheguei, confundi as infos do guia e pensei estar em um bairro ainda longe. Quando subi e cheguei na praça central e vi a igreja, o comércio e tudo o mais, vi que estava em Elias Fausto.

Comi uma coxinha na padaria, bebi um gatorade, reabasteci minhas reservas de água e segui viagem. Não lembro como cheguei na Rodovia do Açúcar, mas depois que saí dela, passei pelo momento mais tedioso dessa viagem: o canavial do meio do caminho. Uma reta sem fim, sem gosto nem graça. Dos dois lados só canaviais e nenhuma alma viva. No meio deste breu, uma placa me congratulando por estar na metade do caminho. E meu celular mortinho da Silva. Como diz um colega lá do trabalho, segue o jogo...

Após o tedioso canavial, chego em uma área de reflorestamento e avisto um lago. Sigo na estrada e alguns km depois encontro uma represa. Delícia de lugar, tinha até um senhor pescando. A parte boa é que o Caminho do Sol contorna toda essa represa e o caminho é todo com sombras!

Alguns km à frente, e finalmente chego à Fazenda Milhã. Sou recebido com um lanche generoso e água gelada. Esta fazenda data do século XVIII, seus proprietários são bem espirituosos e construíram várias mandalas de pedra em um jardim. E é da represa desta fazenda que sai a água que abastece 30% da cidade de Capivari.

Prédio da antiga sede.
Mandala de pedra.

Outra mandala.

Agora mais de perto.

 
Agora uma capela cristã.
Aqui que dormi =)

Fruta que adoçou minha viagem no dia seguinte.

Represa

O dia acaba de maneira maravilhosa no campo.

E assim foi meu dia. Cansativo, mas feliz. E ainda faltavam dois! O dia seguinte foi tão intenso que estou cansado só de pensar como o relatarei. Mas isso eu deixo para amanhã, ou depois. Até lá!


Terça, 4 de Fevereiro de 2014
Km pedalados: acho que 67
Baixas: nenhuma.
Ouvindo: cachorros latindo e grilos.











Um comentário:

  1. Realmente, essas regiões de canaviais são de um tédio e tanto. Peguei muitos trechos assim; em certo ponto, perto de Orlândia, parei e fiquei filmando uma colheitadeira pegando cana e colocando no caminhão, assim, bem pertinho da estrada (pena que perdi esse cartão e tudo que tinha nele...)

    Ah, também curto muito trem, justificado por ter viajado muito nessa modalidade, na infância e juventude... era maravilhoso, muita curtição mesmo. Quando posso também fotografo trens pelo caminho.

    Prefiro sempre pedalar sozinho em minhas viagens, mas tem esses empecilhos, se perder ou ficar muito em dúvida no meio do caminho, gera stress desnecessário.

    Fico aguardando o restante do relato. Grande abraço.

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