sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Caminho do Sol - Dia 5 FINAL - Monte Branco à Águas de São Pedro

Último dia.
Últimas despedidas.
Último amanhecer no Caminho do Sol!
Oi, Sol!
Tomei meu café bem feliz. Tive um sono excelente, pois uma breve chuva na noite anterior refrescou o clima. Assim que terminei o desjejum me despedi da Adriana e segui viagem. Faltavam apenas 40 km para Águas de São Pedro e estava com energias renovadas para fazer este trecho.

A primeira parte era mais ou menos do local aonde estava até o Rio Piracicaba, no bairro Artemis. Logo que parti, percebi que ia encarar uma serrinha. De princípio não gostei muito, mas depois lembrei que é muito mais prazeroso por conta das belas paisagens.
O pontinho branco isolado é uma estátua de Cristo, os outros são gado.

Caramba, que vista! Acho que este trecho, somado à emoção de estar cumprindo a missão, foi o mais bonito da viagem. Os primeiros 12, 15 km eram pastagens, nada de canaviais. AMÉM! rs.

No caminho, cruzei com camponeses sempre educados, cumprimentam sem olhar torto. Aqui na cidade grande sempre olhamos estranhos de modo desconfiado, quanta diferença. O caminho estava bem menos empoeirado do que os anteriores, graças à chuva da véspera que umedeceu a estrada. O Sol começou a esquentar mais cedo, porém haviam muitas sombras para descansar neste trecho. Tudo era perfeito!

Selfie feliz. Nos dias anteriores minha expressão era de cansaço.
Alguns km depois chego numa rodovia asfaltada. Subo uns 2 km e adentro em uma estrada que atravessa adivinha o que? Canaviais. Mas desta vez foi um canavial pequeno, coisa de 3 ou 4 km.

Ânimo!
Mais à frente chego em regiões mais povoadas e finalmente na ponte de ferro sobre o rio Piracicaba.
Cruzando a ponte pelo caminho dos pedestres, porque...

... a ponte ela é de mão única....

E também porque assim pude curtir o rio.
Cruzada a ponte eu chego no bairro Artemis. Tudo asfaltado, uma reta sem fim até a rodovia final. tedioso até. Depois de ver incríveis paisagens horas antes, este bairro era muito sem graça. Fui devagarinho, com um pouco de cansaço já anunciando, talvez por conta do destino final estar ficando perto. Chegando no final da reta havia um posto de gasolina e uma rodovia. Tentei comprar água no posto, mas estava em falta. Só tinha guaraná 2L. Bem, resolvi seguir caminho com a água que tinha. Subi a pé os dois primeiros km da rodovia, quis descansar um pouco o traseiro.

Mais à frente descubro que estou a apenas 6 km do meu destino final, e se eu seguisse a rota do Caminho do Sol, seriam pelo menos mais 10, por estradas de terra e mais canaviais. Com só mais 500ml de água disponível, segui pela estrada e ignorei o caminho oficial. Chega de canaviais! rsrs

Cheguei! Ou melhor, estou chegando!
Entro na cidade e esqueço de fotografar o portal. Não sei exatamente o que passava na minha cabeça no momento, mas eu estava emocionado. Cansado, mas com sensação de dever cumprido. Não era bem um dever, se eu desistisse no primeiro km ou no último, não haveria nada demais. Estou de férias e me divertindo. Enfim, estava muito feliz por chegar na cidade.

Aqui descansei uma meia hora.
Olha o São Tiago aí.

Descobrindo que um cicloviajante até termina um roteiro...

... mas nunca termina a viagem.
Após o descanso e algumas fotos pelo caminho, chego finalmente na Casa de Santiago, que fica dentro do Mini Horto Florestal da cidade. Entro, bato o sino pequenino na entrada e lá dentro para me receber... NINGUÉM! O lugar estava vazio!

E fui seguindo as flechas...

... até chegar na imagem de Santiago.

Daí encontrei um quiosque onde a Moça descansou.

Bonita a construção do altar a céu aberto.
Pensei que seria recebido por alguém, afinal, em todos os lugares havia alguém me esperando. Queria receber o certificado Arasolis, porém ele não é tão importante quanto as experiências vividas no caminho inteiro. Aproveitei que estava sozinho para descansar, trocar de roupa, me lavar no banheiro e ir almoçãr! Deixei a Moça amarrada lá mesmo e fui comer e comprar a passagem na rodoviária.
Entrada do sino.

Quando voltei, encontrei o zelador do local, que foi um pouco áspero no começo, mas depois puxei papo (sim, eu puxei assunto!) e ficamos horas conversando. Ele disse que uns dias antes três ciclistas completaram o caminho e também não foram recebidos por ninguém, e uma das ciclistas brigou com ele por conta disso. Mas o cara é só o zelador do parque municipal, se ele disse que não tinha nada a ver com a organização do Caminho do Sol, de que adianta descontar a frustração no pobre homem?

Enfim, depois fiquei sabendo que o Arasolis não era entregue lá, mas em uma loja em outro local. Alguém durante minha viagem ficou encarregado de me informar isso, mas esqueceu. Pelo visto esqueceu dos ciclistas anteriores também. Acho que é um pequeno ruído que eles precisam resolver logo.

Fiquei até umas 18h conversando no Horto, daí desci para a rodoviária, entrei no ônibus e voltei pra Sampa. 
Já no ônibus, indo pra casa. Tchau, Sol! Maneiro o seu caminho!

CONCLUSÕES

Roubando o slogan do Etapa, descobri que existe mais de mim em mim mesmo. A cada obstáculo vencido, o Gabriel pessimista sofria um duro golpe. Perdi a vergonha de puxar conversas, pedir informações, água, elogiar um almoço pro dono do restaurante e até trocar de roupa em local público (rsrs).

Fiquei com o corpo dolorido e cansado, mas conheci lugares e pessoas incríveis. O Sr. Jesus da pousada de Monte Branco e o Sr Clemente do Armazém do Limoeiro foram verdadeiros presentes em minha vida. Sabedoria vem com a experiência, e estes dois têm de sobra. Saber ouvir é a grande lição.

Hoje em dia, as pessoas querem falar, puxar os louros para si, publicar seus pensamentos no Facebook e dar importância apenas ao próprio umbigo. Não, não é assim que se chega em algum lugar. Seja curioso, ouvinte, humilde. Todo dia é um ótimo dia para aprender algo novo.

A Moça, minha bike... foi uma verdadeira dama. Terminou esta viagem melhor do que eu! Nenhum pneu furado, trinca, jogo... nada. apenas uma leve desregulada no câmbio, facilmente resolvida. Senti fadiga só no último dia. Recomendo este selim da B'Twin, assim como todas as outras peças que uso desta marca: pastilhas de freio, corrente, manoplas, bar-end, bagageiro, paralamas, alforges... fiz a rapa na Decathlon e recomendo. Bom DEMAIS e barato. Chegando em casa percebi um leve desalinhamento na roda traseira, mas vi que era um raio que afrouxou, bastou apertá-lo para a roda ficar perfeita. Depois de 210 km irregulares, a Moça se mostrou uma cicloviajante nata!

Quinta, 6 de Fevereiro de 2014
Km pedalados: 40.
Baixas: nenhuma.
Ouvindo: The Who e John Mayer no ônibus.





Total pedalado: entre 240 e 250km

E assim termina minha primeira cicloviagem. Não terei mais férias neste ano, portanto terei que planejar cicloviagens menores, utilizando os fins de semana. E em fins de semana que minha noiva esteja trabalhando, assim não ficamos sem nos ver.

Sim, a Denise viajou o tempo todo comigo, em pensamentos. Também foi por ela que fiz esta viagem. Para ter um estilo de vida mais saudável e viver muitos anos ao lado dela. Te amo!

4 comentários:

  1. Clap, clap, clap! Gostei do fecho de ouro em suas conclusões. Percebe-se que você é uma pessoa iluminada, pelo humanismo que demonstra em suas palavras (dá pra sentir...).

    Aproveite bem os feriados que virão (em que a Denise esteja trabalhando, né) para novas cicloviagens. Recomendo o Vale do Paraíba, depois de São José dos Campos - evito cidades muito grandes -, pela Estrada Velha, evite a Dutra.

    E parabéns a Denise por ter encontrado alguém como você. Que sejam muito felizes juntos. Fiquem com Deus.

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    1. Obrigado pelo apoio Cesar! Agora quem fica no aguardo sou eu, do seu retorno às estradas e consequentemente seus relatos! Vou pesquisar mais sobre a região do Vale do Paraíba, lembro do seu post sobre Silveiras e Guaratinguetá. Valeu!

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  2. Parabéns Gabriellllllll...

    Fez o Caminho do Sol e detonou positivamente!!!

    Dor ou cansaço faz parte do esforço...
    quando cheguei no MiniHorto também não tinha ninguém... normal.

    Mas experiência da viagem (assim como qualquer outra viagem)
    vai ficar marcada na sua alma e as imagens na sua retina...
    é muito bom... essa energia interna foi essencial para sua
    conclusão da viagem...


    ... radiante como o "Caminho do Sol", Cicloabraços
    Joaozinho

    ***PS.: Ainda bem que não tenho Facebook... risos

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    1. Ah eu e divirto com o Facebook hehehe ... mas a vida é muito mais, né?

      Realmente nem corri atrás dos organizadores pra pegar meu certificado. NÃO PRECISO! As lembranças, fotos e experiências são o melhor troféu.

      Cicloabraços!

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